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Papéis, lembranças e emoções

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Contas de luz, telefone, água, gás, boletos diversos, vencidos e pagos, carnês de imposto predial, guias de imposto de renda e de previdência social, papéis, papéis e mais papéis.  É uma loucura guardá-los e, após tempos variáveis, descartá-los.  Procuro fazer esse tipo de descarte, de ano em ano. É um trabalho maçante e extremamente cansativo. E toca a olhar, um por um, a rasgar e a descartar.  Nesse ano, para facilitar, resolvi usar uma guilhotina elétrica para, pelo menos, não ter o trabalho extenuante de rasgá-los à mão.  Alguns papéis ficam guardados por um ano, mas há outros que devem ficar por cinco, e até dez.  O fato é que todo ano é necessária uma faxina de papéis, para evitar o acúmulo e uma dificuldade maior, na hora da arrumação.  Só que, além desse tipo de papel ou documento descartável, há outros que se mantêm pela vida.  São anotações do tempo da juventude, boletins escolares com assinatura dos pais, cartas de amigas, de familiares, cartões de felicitações por motivos d

Vivendo o ano do isolamento

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O ano está acabando. Ano difícil, para todos.  Para todos, do mundo todo. Inacreditável o acontecimento que atingiu pessoas do norte, sul, leste e oeste, com uma velocidade enorme e deixando resultados nunca pensados. De todas as fatalidades, de todas as perdas, de todas as sequelas, tivemos ciência. E milhares sentiram essas perdas e dores muito de perto. Não é preciso comentá-las. Vou tentar falar das coisas boas que vivi, no meio de toda a tensão da pandemia. Era preciso descobrir uma forma de viver bem o isolamento. A grande realização foi completar, em novembro, 83 anos de idade, com saúde e disposição. E força para a caminhada difícil iniciada com o distanciamento social. Muita, muita gratidão. Me dediquei bastante à costura criativa, cuja aprendizagem eu havia iniciado em outubro de 2019. Foi minha tábua de salvação nessa sucessão de dias difíceis. Consegui me desenvolver bem e fiz muitos, muitos trabalhos. Bolsas, bolsinhas, carteiras, porta-celulares, jogos americanos ...  Um

O ano em que não cortei o cabelo

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O ano começou como todos os anteriores. Queima de fogos na praia, beijos e abraços, votos de realizações, boas expectativas e, até, alguns sonhos. Veio janeiro, com seu calor abafado e úmido, veio fevereiro, com carnaval e início do ano escolar. Chegou março, quando o ano iria dar seu arranque e caminhar no sentido das realizações. De repente, as notícias vindas do exterior, a respeito das mortes causadas por vírus que atingira a China no final de 2019, passaram a repercutir seriamente entre nós. Essas notícias já circulavam desde o início do ano, mas eram vistas como algo distante. Em fevereiro ficaram mais próximas, quando do repatriamento de brasileiros que viviam na cidade chinesa de Wuhan, primeiro local a sofrer os efeitos fatais do coronavírus.   Os brasileiros residentes na China chegaram, e ficaram de quarentena em base aérea.  No mais, parecia que tudo continuava dentro do usual.  O problema era do outro lado do mundo. Era em outro hemisfério. Estávamos em fevereiro. E os eco

Parada no tempo?

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  Às vezes, a sensação é de que parei no tempo. Dentro de casa, caminhando no circuito das salas, quartos, cozinha, área de serviço. Mínimas saídas de poucos minutos, só ao ar livre. Cabelo crescendo, chegando a comprimento usado somente até o final da década de 70. Tudo isso? Acho que sim. Rotina completamente alterada. Atividades usuais, dependendo somente da minha vontade e empenho.  Costurar? Sem professora. As aulas, que haviam se iniciado em outubro de 2019, foram interrompidas no período das festas do final de ano, e das férias. Retornaram no final de fevereiro e ficaram suspensas desde 13 de março. Voltaram há pouco, mas não para quem é do grupo de risco. Então? Estou fora. Exercícios físicos? A fisioterapia, com foco no alongamento, que acontecia duas vezes por semana, também está  suspensa  desde março. Agora, a atividade só é feita, s em supervisão,  quando com algum esforço eu me proponho.  E assim, confinada, o tempo passa. Parece que parei no tempo mas, na verdade, perceb

Novo aprendizado

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Depois de meses de isolamento total, formamos uma pequena bolha de contatos pessoais com filha e neta. Mantendo todos os cuidados, passamos a receber visitas das duas. Até que, um dia, a Isa me perguntou se podia vir passar uns dias comigo. Achava que, aqui, ficaria mais focada nas suas aulas pela internet. Assim foi. E está sendo muito bom ter em casa mais vida, mais movimento, mais som, principalmente o das suas risadas quando joga on-line com seu amigo Théo. Mas, com toda essa energia boa, veio uma certa  desarrumação. Fiz alguma s listinhas para ajudá-la na organização, fixando-as em lugares importantes. Tem a listinha do quarto, do banheiro, do canto de estudos ... Quando a Isa chegou para  sua temporada com a vovó, eu estava bordando um quadrinho da Frida. Ficou encantada, e aproveitei para perguntar se ela queria aprender a bordar. No mesmo dia começamos o aprendizado.  Enfiar linha numa agulha, fazer nozinho p ara iniciar o trabalho, ponto alinhavo, ponto haste, ponto atrás, n

Bordando

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Se a costura criativa já me deixava fortemente envolvida, e com vontade de ficar só no lazer, a redescoberta do bordado serviu ainda mais para eu me distrair, e preencher bem o tempo dentro de casa. Quando aprendi os pontos básicos de bordado, há muito e muito tempo, os primeiros passos eram ensinados por mães,  ou avós, e reforçados nas escolas. A disciplina Trabalhos Manuais, fazia parte do currículo das escolas, ao lado das outras matérias. Lembro que fazíamos o chamado Pano de Amostras, um retângulo de tecido branco, onde eram bordados os vários pontos em linhas paralelas. Nesse Pano de Amostras também aprendíamos a fazer casas para botões, bainhas e outros procedimentos práticos. Naquela época  o bordado era muito usado em utilidades como toalhas de mesa, toalhinhas para bandejas, roupinhas para recém-nascidos e crianças, panos de prato. Os enxovais das noivas tinham muitas peças bordadas em ponto cheio, sombra, "richelieu", crivo e por aí vai. Com o tempo, tudo foi muda

Conversa de vovó

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  Logo cedo minha netinha Isadora, que gosta de ser chamada de Isa, me disse: - Vovó, ontem à noite li todos os posts que você escreveu sobre mim, desde 2008. Amei. Por que você não continuou com os "alertas de conversa da vovó"? Sim, escrevi muito sobre minha netinha que, aliás, foi quem me inspirou a criar esse blog. Falei sobre suas primeiras descobertas, primeiras palavras, ida para o colégio, aniversários, férias com a vovó. O início foi quando ela estava com 2 anos.  Numa certa altura do blog eu passei a usar um alerta. Quando o tema dizia respeito a historinhas da Isa, eu colocava um alerta para avisar meus leitores de que aquele post era uma "conversa de vovó". 12 anos se passaram, a menininha linda e companheira se tornou uma moça linda e amiga. As muitas horas passadas com a vovó em brincadeiras, foram sendo substituídas pela internet e jogos online, individuais e com amigos.  O convívio intenso entre avó e neta, diante dos novos interesses, naturalmente s