Bimestre intenso




Janeiro e fevereiro, de muito calor e muita chuva.
Calor com temperaturas beirando os 40 graus, e com sensação térmica superior. Chuvas pesadas, acompanhadas por ventanias e causando alagamentos e estragos.
Muito tempo dentro de casa, fugindo dos desconfortos do verão.
Com isso, a leitura rendeu bastante.  Terminei a leitura de um livro já iniciado, e li outros quatro.
Assisti a três bons filmes, Roma, Green Book: O Guia, e Bohemian Rhapsody, e a uma peça teatral: O Jardim das Cerejeiras, de Tchekhov.
Presenciei a um show musical maravilhoso,  melhor dizendo, a um concerto, Violões de São Paulo, um fantástico encontro de cinco dos melhores violonistas brasileiros: Alessandro Penezzi, Daniel Murray, Paulo Bellinati, Swami Jr. e Ulisses Rocha. Todos de um virtuosismo impressionante.
E ainda viajei durante oito dias, por mar, e caminhando um pouco por terras uruguaias e argentinas.
Foram dois meses ricos em programação.
Permeando toda essa programação, a presença dos livros novos, que eram muitos como resultado da campanha de "presentear com livros" por ocasião das festas de Natal.
Antes de iniciar a leitura dos novos, terminei o Volume I das Memórias de Zé Dirceu, que havia começado no mês de novembro. 


Quis ler para procurar entender sua história de liderança estudantil durante a revolução de 1964, de exilado, de liderança política. Mas o livro é muito repetitivo, difícil de ser entendido cronologicamente, e muito confuso em diversos trechos. Sabe-se que foi redigido em condições difíceis, na prisão, mas acho que deveria ter merecido um bom trabalho de edição, antes da publicação.
Sua leitura foi extremamente cansativa, e continuei sem ter conseguido satisfazer minha curiosidade a respeito de personalidade tão controvertida. Posso mesmo dizer que fiquei frustrada com a leitura. Das quase quinhentas páginas, uma passagem que muito me impressionou foi sua mudança para São Paulo aos 14 anos para tocar sua vida sozinho. Deixando a tranquilidade da cidade mineira onde vivia com a família, partiu para São Paulo para morar, de início, com  um irmão pouco mais velho que ele, e que também estava abrindo seu caminho na cidade grande. Foram anos difíceis, estudando e  trabalhando para sobreviver.
Tive que insistir bastante, para prosseguir na leitura. As últimas páginas foram lidas meio de atropelo. Queria mudar de livro.
Mudei e segui rápido com Doce Inimiga Minha, da Marcela Serrano, A Saideira, da Bárbara Gancia, Aprendizados, da Gisele Bündchen e Muito Além do Inverno, da Isabel Allende.
De todos, o que se sobressaiu foi A Saideira: Uma dose de esperança depois de anos lutando contra a dependência.


Bárbara Gancia tem um texto leve, bem-humorado e, embora sua história de 30 anos com a bebida seja trágica, a leitura flui muito bem. Mesmo que, muitas vezes, com angústia. 
É um relato corajoso e de grande importância, que não deixa qualquer dúvida a respeito do caráter de doença do alcoolismo, e mostra como foi possível alcançar a sobriedade. É também uma crítica bem escrita à hipocrisia da sociedade em relação ao alcoolismo. Bárbara está sóbria há 11 anos.
É um livro que deve ser lido e espalhado. Pode ajudar a muitos.


Doce Inimiga Minha, com vários contos, me deu saudades do primeiro livro que li da autora chilena Marcela Serrano: Dez Mulheres. Também de contos, mas com histórias deliciosas de nove mulheres, reunidas pela décima personagem, a terapeuta.


Aprendizados, de Gisele Bündchen, descreve, conforme a autora, sua caminhada  para uma vida com mais significado. 
Da mesma forma que  José Dirceu, Gisele saiu de casa sozinha, aos 14 anos, seguindo para São Paulo, onde iniciou sua vida de modelo. Seu pai colocou-a num ônibus, com uma pequena mala de roupas e dinheiro suficiente para chegar ao apartamento onde moraria com outras candidatas a modelo. Isso me impressionou bastante, e achei admirável ela ter conseguido caminhar sozinha, enfrentando dificuldades de diversas ordens, até atingir o sucesso que teve e ainda tem. 
Gisele fala muito dos filhos e marido, dos pais e das cinco irmãs, de seus hábitos de saúde, do seu ativismo ambiental. Fala de determinação, de espiritualidade, e de foco. É um livro simples, com texto muito positivo, embora repetitivo em diversas passagens.

E para encerrar o bimestre, li Muito Além do Inverno, da escritora Isabel Allende, representante importante da literatura latino-americana. Há muitos anos li seu primeiro romance, A Casa dos Espíritos, que achei fantástico. 
Fiquei sua fã, e passei a acompanhar todos seus lançamentos. O mais empolgante dos seus livros, para mim, foi o primeiro. Gostei bastante, também, de Paula e de Eva Luna. 
Com o tempo, me afastei, após a leitura interrompida de duas das suas obras. 
Voltei a lê-la, agora, após ser presenteada com o Muito Além do Inverno. Um romance interessante porque não se limita ao início de uma história de amor entre sexagenários, entrelaçando-a com problemas da imigração ilegal nos Estados Unidos, violência na Guatemala, lembranças de amores passados, e de fatos dos anos 70, no Chile, e anos 80 no Brasil. Deixa algumas dúvidas e,  como li em algum lugar, o livro não entrega tudo que promete.
E assim foi o primeiro bimestre do ano.
Estamos no início do mês de março, encerrando o carnaval, e eu, já empolgada na minha nova leitura.

A foto do início, tirada por mim, foi do maravilhoso concerto de violões. Oportunidade fantástica de reunião de cinco virtuoses brasileiros.

Comentários

  1. Heloisa, que coisa boa ver a movimentação. Assim devemos fazer. Parar nem pensar. Tanto as leituras, fora a do Zé Dirceu( confesso que quando o livro é chato, desisto!!!), foram legais. Essa da Bárbara deve ter sido mesmo interessante!

    Que bom passeaste por mar e por terra! Valeu então! Que venham mais e mais passeios e atividades teatrais, cinemas e agora vai refrescar, logo as caminhadas ficarão mais convidativas, né? beijos, chica

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  2. Relato gostoso que eu tive o prazer de ouvir ao vivo! Só não sabia do concerto dos 5 violonistas. Muito bom o bimestre!! Vc sabe dar leveza à vida. Abraços!

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  3. Nossa, quanta coisa! Que bimestre mais cheio de atividades! Muita coisa boa, que bom! E que assim seja nos próximos. Só faltou uma série Netflix para completar! rs

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  4. Olá Heloisa: foi bem aproveitado este tempo. Por aqui o frio e o mau tempo têm sido uma constante. Quanto às leituras, sou fã incondicional de Isabel Allende, desde a leitura do seu primeiro livro, " A casa dos espíritos". Desde aí, tenho comprado todos os seus livros, mas não conheço este de que vc fala. Ou aqui tem outro nome, ou ainda não foi traduzido.
    Bjn
    Márcia

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  5. Um belo bimestre, recheado de boas surpresas... passou tão rapidamente...

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  6. tb fiquei bastante em casa, acabei trabalhando bastante e trabalho em casa. e as chuvas atrapalhavam saídas após às 17h. quem tem netflix é a vizinha. eu fui lá nas festas cuidar dos gatos e ela quer q eu fique um pouco com eles, então aproveito a netflix. mas vi roma parcialmente. não terminei de ver. essa apresentação de violões deve ter sido incrível. eu amo isabel allende mas esse não li. fiquei curiosa pq como alguns q li dela, permeia fatos históricos. e q capa linda. eu amo eva luna e li recentemente filha da fortuna que fala muito da colonização do chile e da busca do ouro nos estados unidos. ilha sob o mar é fascinante tb. são muitas postagens no blog que falo da autora https://mataharie007.blogspot.com/search?q=allende

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  7. Oi, Helô,

    Para mim este início de ano está sendo um horror. Tivemos um caso de doença séria na família, que ainda está se desenrolando, e tivemos um falecimento, de pessoa bem próxima, relativamente jovem, amada e saudável, que morreu em decorrência de uma cirurgia estética. Foi uma coisa muito inesperada, e que me "tirou dos trilhos".
    Mas. como a gente acaba dando continuidade aos hábitos adquiridos (o que pode ser algo muito positivo) também tenho lido, embora não tanto quanto costumo.
    Que bom que você teve um bimestre normal e bem aproveitado!
    Eu 'conheci' a Barbara Gancia através de memes-comentários dela que li no FB (comentários estes com os quais me identifiquei). Eu não sabia que ela teve problemas com o álcool.
    Pelo que vi na mídia, em anos passados, a respeito da carreira da Gisele Budchen, pareceu-me que o pai dela teve uma participação maior na tal carreira do que foi registrado nesse livro (estou baseando-me em sua resenha, pois não li este livro, rsrs).
    E eu também gosto da Isabel Allende e já li vários livros dela, mas ainda não li o mencionado. Ela realmente parece guardar para si muitas opiniões e conhecimentos sobre fatos ocorridos na América Latina (que ela conhece bem: nasceu no Peru, filha de chilenos, exilou-se na Venezuela e testemunhou muitos eventos significativos).

    Um beijo

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  8. Oi, Heloísa!

    Que post interessante e completo!

    Janeiro e fevereiro, aí no Brasil são meses de férias e de carnaval e você os aproveitou muito bem, viajando e fazendo excelentes leituras.

    Calor com chuva, nunca assisti. Sou Portuguesa e a Primavera começa, amanhã, mas está frio, ainda por aqui.

    Beijos e aproveite seu tempo da melhor maneira.

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  9. que bom q está conseguindo comentar com a sua conta, agora a sua foto aparece. e nos blogueiros q comentam há duas heloísas, uma sem foto mesmo. deve ser essa sem foto q dá erro.

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  10. Olá Heloisa, td bem?

    Eu gostaria de agradecer a sua visita e gentil comentário no meu blog, espero que volte sempre e comente todas as poesias que lhe tocar o coração. Quanto ao seu pedido eu já deixei um comentário no blog da Céu, em breve ele deve ler.

    Saiba que eu gostei bastante do seu post, pelo que vi vc é uma leitora assídua e gosta de livros impactantes e com boas histórias pra contar. Fico feliz em saber que vc tem a mesma ideologia que a minha, se vc observar nos comentários do meu blog vai ver outras pessoas que pensam como nós e isso é muito bom.

    Te desejo um ótimo fds e boa leitura!
    Bjs

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  11. Olá, estimada amiga Heloísa, eu de novo!

    Como vai? Aqui, tudo rolando, felizmente.

    Lamento não lhe ter sido possível comentar no meu blog, mas, por vezes, isso também me acontece num dia ou numa determinada hora, mas depois no dia seguinte consigo. Se não conseguir mesmo, não tem problema algum.

    Escrevo poesia, mas, excecionalmente, dessa vez o assunto foi a Venezuela e claro as pessoas pensam de modo diferente e têm liberdade para exporem suas opiniões.

    O amigo Alécio, agora, nosso amigo comum, com quem "falo" já há uns anos, já teve a delicadeza de ir ao meu blog e deixar seu recado. Muito obrigada a ambos.

    Beijos, um mega abraço e dias felizes!

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