Gripe, leitura e esperança





Estou meio distante do blog, tudo por conta de uma gripe.
Gripe acompanhada de sinusite.
Chegou meio devagar, dando sinal pela garganta. E, de repente, foi um mal-estar geral. Dificuldade para respirar, tosse e muita, muita secreção.
Não teve jeito. Apesar de fugir de remédios fortes, tive que entrar no antibiótico.
E em todo um arsenal de cuidados. Inalação, xarope, soro nasal. Dormir com a cabeça mais elevada, evitar ar condicionado.
Nunca me dei bem com gripe. Será que alguém se dá?
Mas sei que alguns se recuperam após três ou quatro dias de repouso, e eu sempre precisei de mais.
Agora, então, entrada nos oitenta, parece que uma semana é insuficiente. Já são duas semanas de resguardo, tratamento, e ainda não me sinto totalmente bem.
Ainda bem que a indisposição não atrapalhou minhas leituras e pude prosseguir com o desfrute dos livros que ganhei no final do ano.
Comecei e terminei a leitura da “Minha História”, da Michelle Obama.
Gostei bastante.




Não tenho atração por histórias norte-americanas, e acho que, na maioria dos casos, não têm muito para acrescentar. 
Mas sou fã de autobiografias e biografias, e realmente tive interesse em conhecer a vida de Michelle Robinson e da sua aventura com Barack Obama, casal vitorioso na questão  da discriminação racial, e que levou políticas novas para o governo dos Estados Unidos. Principalmente na área social, com preocupações em relação ao sistema de saúde, com empenho para regulamentar com mais rigor o uso de armas de fogo, baixando medidas para diminuir a violência, preocupações com as condições climáticas, restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba. Enfim, trabalhando em áreas importantes, esquecidas por todos os governos.
Em seu livro, Michelle conta, com muita clareza, todos os passos que deu na vida,  desde um bairro decadente de Chicago, até sua saída da Casa Branca, onde viveu 8 anos como primeira-dama dos Estados Unidos.
Sua infância, sua vida com pais dedicados e amorosos. Seus tempos de escola fundamental e ensino médio, em escolas com maioria de crianças negras. Sua ida para a Universidade, primeiro em Princeton e, após, graduando-se em Direito em Harvard, onde fazia parte de uma minoria racial expressiva.
Seu início da vida profissional, com decisões importantes em relação ao que pretendia para a vida. 
O encontro com Obama, e tudo que dele resultou. A campanha política, difícil e esgotante, que acabou por levar para a Casa Branca o primeiro casal afro-americano.
Durante a leitura, inúmeras referências ao preconceito, à necessidade de fazer mais e melhor, para obter reconhecimento, às ciladas da campanha política, ao esforço para manter a privacidade das filhas.
Durante os mandatos de Obama, Michele se empenhou em levar às famílias americanas um modelo de vida mais saudável e ativo. Preocupou-se com a obesidade crescente das crianças norte-americanas, e acabou por conseguir resultados expressivos na mudança da alimentação servida nas escolas e, inclusive, em lanches e produtos produzidos por grandes marcas.
No final, após o resultado das eleições do sucessor de Obama, a decepção em ver o risco do fim de inúmeras políticas introduzidas bravamente por ele, durante seus oito anos de governo, diante da vitória de candidato que “humilhava as minorias” e se vangloriava do seu machismo, usando muitas vezes uma linguagem “baixa e vulgar”.
Em algumas passagens ela relata  características da campanha e da personalidade do atual presidente dos Estados Unidos, e não pude deixar de fazer um paralelo com a situação do Brasil.
Mas Michelle termina dizendo, com firmeza, que não permite a desesperança.
Sim. Vamos tentar.

Ilustração daqui.

Comentários

  1. Querida Heloísa, gripe requer mesmo muito tempo de recuperação. Três, quatro dias seria um resfriado, eu acho. Gripe acaba com nossas resistências e o corpo demora a se recuperar. E tb penso q, qto mais ajuizada for a nossa recuperação, maior será nosso ganho. Quanto ao livro, vou ler tb, e... muitas saudades dos tempos de Barak e Michelle...

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  2. Minha amiga Cecília, que apareceu como anônima, já se identificou. Às vezes é uma luta deixar comentário. Eu também passo por isso.
    Obrigada, Cecília. Bj.

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  3. Que coisa essa gripe,Heloisa. Quando nos pega, parece gostar de em nós ficar... Melhoras! Que bom que pelo menos ler conseguiste e esse livro parece bem bom! Que não percamos, como Michele prega, a esperança! beijos, fica bem, chica

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  4. Maria Inês Notari. (Como sempre, dificuldades para driblar esse espaço).Pois é amiga .Qualquer gripe deve ser muito bem cuidada em nossa idade. Vira num instante uma pneumonia. Pegar um bom livro foi ótima solução.Tb tenho grande admiração por Michele Obama.Uma mulher cheia de fibra , ética e realizadora! E tal como ela vivenciamos a grande decepção com a eleição do nosso Trump tropical.Acho que até mais tosco! Seu paralelo é perfeito. Vivemos tempos tenebrosos de retrocesso e desmonte de boas políticas sociais.E só nos resta unir esperanças com grupos de pessoas do bem que percebem o que vem ocorrendo no país. Saio sempre fortalecida quando visito sua casa,. usufruindo das delícias de um chá inglês, quitutes e papo aberto e agradável.Abraços!

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  5. melhoras. eu me dou tão mal com gripe que há uns anos já tomo vacina. como não me enquadro no grupo que tem o direito gratuitamente pago anualmente, mas sai mais barato q o arsenal q comprava pra sarar. o livro michelle está entre os mais comprados no ano passado. tb nao tenho atração por biografias norte-americanas. claro q não é regra. vamos tentar não perder a esperança. beijos, pedrita

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  6. Oi Heloisa, ainda bem que já passou o pior, gripe forte é realmente desanimador, não dá vontade de nada. Antes de tomar vacina ficava muito mal.
    Será que Michele tem razão? Ando tão desanimada em se tratando de esperança...Essa onda cega de lunáticos é um tsunami de ódio contra minorias e conquistas adquiridas com muitas lutas.
    Abraço e continue se cuidado para se recuperar totalmente.

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  7. Olá Heloísa: espero que já se sinta melhor. As gripes, às vezes, custam mesmo a passar, por isso, "cautela e caldos de galinha" como se diz por aqui.
    Sou admiradora do casal Obama, mas não comprei o livro. Talvez o faça.
    Bjn
    Márcia

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  8. Olá, Helô,

    Eu realmente não tinha visto este post. A gente tem a gripe como doença "simples", mas ela também requer atenção e cuidado. Eu já assisti a um filme sobre a história desta dama, mas ainda assim leria esta obra com prazer.
    (adendo: dizem por aí que a presidência daquele país é como que subordinada às diretrizes de mais de uma agência, que há séculos, determinam os caminhos estruturais da política)

    Beijo

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