Pondo as barbas de molho




Sim, estou procurando ficar cada vez mais cautelosa, principalmente quando caminho pelas ruas, subo ou desço alguns poucos degraus, ou escadas.
Não sei se estamos numa temporada de quedas, mas alguns parentes e amigos têm caído muito, ultimamente.
É verdade que todos estão naquela idade em que “todo cuidado é pouco”. 
Às vezes é uma torcida de pé, outras um solado de sapato que prende no piso, um tropeço em obstáculo, um buraco em calçamento, um piso molhado ou escorregadio.
As causas são diversas, e o resultado é sempre o mesmo: o equilíbrio falha e o tombo acontece. Às vezes sem consequências, mas na maioria com problemas sérios: ruptura de ligamentos, fraturas, torções.
Eu mesma senti isso na pele. Andando na rua, por uma pequena distância, torci o pé graças a uma irregularidade no calçamento e, embora tivesse percebido que a queda era iminente, não consegui evitá-la. 
Sensação horrível a de prever que algo de ruim vai acontecer, mas que se é impotente para afastar o risco.
E lá estava eu caída, e sendo socorrida por um diligente “guardador de carros”. 
E em seguida, todos os transtornos que surgem diante de um problema desses. Pronto-socorro, atendimentos falhos, hospital, exames diversos, imobilização da perna, repouso.
Tudo por conta de uma fratura pequena no tornozelo mas que, para ficar bem curada, me exigiu 50 dias sem colocar o pé no chão. Felizmente tive muita e ótima assistência de familiares, e ajudantes, e consegui atravessar bem todo esse período de reclusão.
Mas não fui só eu.
Mais de um irmão, e amigas, no último ano, também passaram por grandes dificuldades causadas por quedas. Alguns com fraturas sérias, que exigiram cirurgia. Daí surgiam outras preocupações como a anestesia, circulação sanguínea, risco de embolia, escolha e adaptação de prótese.
Ultrapassada a intervenção, segue-se todo o ritual pós-cirúrgico, que pode levar alguns meses para um bom resultado. Ou que, na hipótese mais cruel, pode não dar certo.
Envelhecer não é para os fracos. Mas, como não envelhecer?
E é aqui que entra, mais uma vez, a preocupação com o envelhecer bem. Os riscos de queda são muitos, porém o que podemos fazer para reduzi-los?
O ideal parece ser uma rotina de exercícios e de caminhadas. Nada de sedentarismo. 
Exercícios para treinamento de equilíbrio, fortalecimento da musculatura, desenvolvimento da auto-confiança.
E conforme a idade avança, cuidados com a segurança no próprio ambiente. Boa iluminação, altura adequada de camas e cadeiras, pisos antiderrapantes, interruptores de luz e tomadas de fácil alcance. E muito mais.
Muitas vezes simples cuidados podem ajudar bastante. No meu caso, percebi que usando sapatos com salto anabela eu torcia muito o pé. Não dependia da altura do salto, mas do tipo. No dia do meu tombo, estava com uma sandália desse tipo. Foi o último dia em que usei esse salto.
Outro cuidado simples, mas importante  é com os tapetes, principalmente os pequenos e as passadeiras. Ou eles recebem um tecido que os fixa ao piso, ou é melhor retirá-los. Foi o que fiz com o tapete do hall de entrada da minha casa.
Enfim, os riscos existem e são muitos.
Assim, parece que, mais do que colocar as barbas de molho, nessa idade gloriosa deve-se  prudentemente conservá-las sempre de molho.
Cautela, muita cautela. 

Foto daqui.

Veja também o que escrevi em  Melhor idade?
https://blogdavovohelo.blogspot.com/2011/11/melhor-idade.html


Comentários

  1. Acabei de ler o texto ... Acredita que hoje, quando cheguei na rádio, quase caí...O tênis molhado da chuva derrapou no chão, mas consegui me equilibrar ...

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    1. Nada como conseguir se equilibrar. É que você ainda não chegou na idade gloriosa. Ha,ha,ha.

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  2. Muito bom..Vou por as minhas barbasde molho! Tenho tropeçado bastante em tapetinhos...vou tirar todos!

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  3. Ótimo texto. Na juventude avançada todo cuidado é pouco.

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  4. Tia, acabo de conversar com um amigo, ele estava chegando ao hospital levando esposa que "acertou" o pé da mesa de centro com o dedinho...Lembrei na hora da Vó Norma. Há de se tomar cuidado e cuidar do "chassis com exercícios e boa alimentação ! Beijos

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    1. Oi, Ricardo, parece mesmo que estamos em temporada de quedas e topadas. Boa lembrança a sua. A Vó Norma adorava andar descalça e volta e meia dava suas topadas.
      Beijos e obrigada.

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  5. Heloisa, texto muito apropriado. Na nossa idade muito cuidado temos que ter! Por nada, de repente o chão nos acha...
    Pode um tombo ter consequências bem graves!...
    Tambem nao tenho mais nada de tapetes por aqui!
    Vale cuidar sempre! Belo texto de aleeta! Bjs chica

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  6. Dois conselhos para evitar riscos: não andar de meia pela casa e carregar sempre o celular, num bolso ou bolsinha.

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  7. Ótimas dicas. Texto perfeito@ Colocaria mais duas sugestões. Muitos idosos pensam que ainda são jovens e tentam atravessar vias perigosas fora da faixa de segurança. Acabam sendo atropelados após um tombo. Minha irmá levou um tombo defronte a um ônibus na pressa de pegá-lo. A sorte é que pedestres avisaram o.motorista que havia alguém caído junto às rodas. A outra dica é estar atenta a plásticos ( sacolas) jogados na calçada. Pisei num , em dia de chuva, e parecia casca de banana. Voei para o chão. Enfim, envelhecer, como vc aponta, requer mais atenção na locomoção. Infelizmente faltam políticas públicas melhorando a conservação de calçadas e mais tempo nos semáforos para uma travessia segura .abraços.

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    1. É isso, Maria Inês. Sempre atravessar pelas faixas de segurança. Quem sabe logo chegará o dia de todos os motoristas respeitarem as faixas. E caminhar prestando atenção no chão, quer pelos buracos, quer por obstáculos. Beijo.

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  8. Olá, Helô,

    Achei o texto muito útil, as dicas são todas aproveitáveis. A população de idosos no país só tende a aumentar cada vez mais, então há que se ter mais cuidado mesmo.

    Um beijo e boa semana

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    1. Sim, Marly, logo a população idosa do brasil será imensa. Que venham muitas políticas públicas preocupadas com isso. Beijo.

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  9. Oh amiga: senti isto na pele há dois anos, quando pus o pé mal numa pedra e fiz uma fratura no tornozelo. Estive "paralisada" durante dois meses, tive de ser operada e fazer 6 meses de fisioterapia. Enfim, há quedas toas com sérias consequências. Todo o cuidado é pouco.
    Bjn
    Márcia

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    1. Márcia, tive o mesmo problema, há quase um ano. Só não precisei de cirurgia. Bjs.

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  10. Que surpresa boa encontrar seu comentário em meu blog! Conhecer pessoas que gostam de leitura ( e que escrevem bem) é sempre uma alegria! Achei curioso conhecer você e seu blog justamente às vésperas de também me tornar avó. Teremos muitas figurinhas para trocar!
    Minha mãe tem 78 e minha avó tem de 100 anos! Você não imagina minha preocupação com os tombos! Mas como você bem observou, acompanham os privilégios de quem chega à "idade gloriosa"! Abraço!

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  11. Complicado ... Na Sexta-feira eu mesma,aqui na minha cozinha, dei uma torcida involuntária no pé e ... desabei no chão! Bons tempos em que os "remédios milagrosos" , assim como a "Água vegetomineral" ainda estavam à disposição ! Acabei botando o pé na agua com sal ... e fiz uso da bengala: graças a Deus ... ela foi útil somente por dois dias. O corpo é que fica dolorido ...

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    1. Cuidado, Vera Lúcia. Quando estiver sozinha, ande sempre com o celular.

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  12. Oi Heloísa, não é fácil envelhecer, mesmo, os limites do corpo vão parecendo aos poucos e temos que ficar atentos.
    Também caí há quase 3 anos, perto do natal, que sufoco, estatelei na rua do Gasômetro no Brás e assim como fui socorrida por alguém que estava por ali...esparramei feito um pudim mal feito!
    O nosso cérebro ainda pensa que é jovem , mas não dá para ter a agilidade de antes, sem correr riscos, todo cuidado é pouco e ficar dando trabalho aos outros é o que mais temo, então nada de teimosia.
    Abraço, adorei o post!

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    1. Oi, Dalva, uma das dificuldades é exatamente a que você se referiu : nosso cérebro pensa que é jovem. Bjs.

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