Será que posso comer?


No ultimo post quis mostrar como estamos ao sabor das pesquisas “científicas” e “nutricionais”. Uma hora é preciso cuidado com o café, outra hora ele aparece como uma bebida que pode nos fazer muito bem.
E é assim com tudo.
Uma hora devemos comer margarina, em outra a manteiga é que deve ser ingerida.
 E refletindo sobre isso, lembrei de um texto que escrevi há algum tempo, falando sobre as gemadas, sobre o uso de claras cruas.
Fui atrás dele, e resolvi republicá-lo.
Quem sabe surgem ideias salvadoras, que permitam o resgate dessas gostosuras.
Na ocasião, dei ao texto o título de:
“Posso comer?”


Estava batendo gemas com açúcar para fazer um “crème brûlée”, quando lembrei das muitas gemadas que tomei durante minha infância.
Diziam, os mais velhos, que as gemadas fortaleciam. Por conta disso, quando ficávamos “doentinhos”, tomávamos gemadas. Às vezes, mesmo em plena saúde, a gemada fazia sucesso. Era gostosa, e ajudava no crescimento.
Minha mãe colocava uma gema em uma xícara, punha uma razoável quantidade de açúcar, e mexia com força durante algum tempinho. Quando a mistura ficava clara e começava a formar bolhinhas, estava pronta. Daí, podia receber um pouco de canela em pó e era devorada rapidamente.
No tempo mais frio, podia ser tomada com leite quente. E os adultos podiam tomá-la com um pouco de vinho do Porto.
Uma delícia de qualquer jeito.
Mas agora, tudo mudou.
Gemas cruas?
Olha o risco da salmonella.
Açúcar?
Olha o perigo da obesidade.
Aquele tempo tranquilo das gemadas, quando se comia sem preocupação com risco de salmonella, de calorias, de oxidantes, e tudo mais, terminou até para as crianças.
Nunca pensei em oferecer uma gemada para minha netinha, pois posso estar infringindo regras sérias.


O mesmo com as claras cruas, usadas em tantas receitas, e que serviam, quando batidas com açúcar, em suspiro, para cobrir os bolos de outros tempos. E que também serviam de liga para os “cajuzinhos de amendoim”, usados nas festinhas infantis. Na minha casa foram muito usadas, e parece que nunca deram problema.
Mas agora, também estão proibidas.
  
Comer ficou meio complicado. Será que posso comer isso? Qual é o número de suas calorias? Tem agrotóxicos? Tem oxidantes? Traz riscos?
Lendo a Folha de São Paulo no último dia 8 de julho me deliciei com uma crônica da Nina Horta que, com muito humor, fala sobre o comportamento “neurótico” em relação aos alimentos, que impera nos dias atuais.
Diz ela que ”se os cozinheiros não reagirem vão ter de fazer estágio em pronto-socorro e pós graduação no Hospital das Clínicas”.
E termina dizendo que vai chegar o dia em que vai acabar “ o restaurante a quilo, a mãe no fogão” e que, indo para a escola, “o moleque vai levar lanche da Bayer! Com direito a se pesar três vezes ao dia!”
Dá para imaginar?


Comentários

  1. Muito legal e verdadeiro!

    E como comemos gemada e meus filhos todos.

    E pro Neno, sempre que achei que fosse fazer bem, dei e ele comeu.

    Não dou bola pra essas coisas.

    Vou atrás do meu equilíbrio e nunca exagero em nada, assim se ralam esses que querem impor coisas pra mim. Não acato! Sou rebelde e teimosa! Só faço o que acho que pode e o que vai fazer bem.

    E, ainda bem, tenho parece um radar para essas modernidades a ia sim dia não.

    Inventam e logo detecto se é ou se tem interesses por trás e QUASE sempre os tem... Uma pena que haja essa permissividade em inventar regras para os outros em questão de saúde e alimentação.

    Mas, fazer o que? Estamos no Brasil!!!

    E , se continuar assim, nossos netos serão desmilinguidos, viverão tomando vitaminas de A até Z , pra isso e aquilo e no fundo, fracotinhos...

    beijos, tudo de bom e espero que teu dia tenha sido legal! chica

    ResponderExcluir
  2. Oi, Helo,

    Pois é, as coisas chegaram a esse ponto! E por isso mesmo já me peguei refletindo muito sobre o assunto, pois de uma forma ou de outra nos deixamos influenciar pelas novas recomendações, não é?
    Já até me disseram que os novos tempos trouxeram microorganismos que foram 'criados' pelos próprios homens a partir dos novos conhecimentos da 'engenharia' biológica, e é por isso que corremos hoje riscos que não haviam.

    Um beijo e boa noite!

    ResponderExcluir
  3. Olá xará!Boas lembranças. Bom texto.
    Comi muita gemada! E quando conheci meu marido, ele comia gemada batida com chocolate e depois acrescentava leite quente.
    Fiz essa gororoba pra ele por muitos anos pela manhã. Com o maior prazer.

    ResponderExcluir
  4. Muito bem escrito, Helô, parabéns!
    Bjs

    ResponderExcluir
  5. Minha querida,

    Bom dia!!!!

    Engraçado, já estudei muita Segurança Alimentar em banco de escola, mas no dia a dia da minha cozinha, e da minha vida mesmo, faço questão de esquecer tudo isso...Ah, tenha dó...se já tomamos tanta gemada, comemos tanto glacê de claras cruas, gordura de porco, e outros horrores porque só agora resolveram que essas coisas podem nos matar?? Por favor...se o homem criou a salmonella, que crie agora alguma coisa que possa também exterminá-la, mas não nos tire o prazer de poder comer...

    Grande abraço,
    Tenha um ótimo dia!

    ResponderExcluir
  6. Heloísa,
    é verdade. Cada dia sai uma notícia diferente sobre qualquer propriedade de qualquer alimento que de repente tanto pode ser cancerígeno como salvar vidas. É muita informação e muitas vezes informação contraditória. É por isso que eu continuo com a minha filosofia de que devemos comer de tudo um pouco, ter uma alimentação muito variada e só cortar aquilo que nos faz realmente mal.
    Gemadas? Comi muitas e de vez em quando ainda preparo uma para a minha sobrinha e eu como um bocadinho também :)
    Bjs

    ResponderExcluir
  7. verdade,nós não sabemos mais o que podemos comer ou não,um bom final de semana beijos

    ResponderExcluir
  8. Não como nem margarina, nem manteiga, porque me fazem mal, não sei porquê, médico algum sabe explicar. Abraços.

    ResponderExcluir
  9. É Helô, hoje em dia temos que ficar de olho em tudo que comemos, parece que tudo faz mal né, bons tempos aqueles em que se comia de tudo e continuavamos saudáveis... e magras, rs.
    Bjs!

    ResponderExcluir
  10. Realmente vc. lembrou muito bem como eramos felizes e não sabíamos.
    As pessoas da minha família que comiam de tudo; ovos, gemadas, cobertura de bolos feita com claras...comida feita até com banha de porco, viveram perto de 100 anos.
    A geração seguinte onde tudo passou a ser proibido, começaram a morrer antes do 60... Doenças como diabetes, taxas elevadas de colesterol, problemas cardíacos passaram a ser comum...
    Eu acho que além das misturas químicas e conservantes que encontramos nos alimentos de hoje e o stress são a maior causa das doenças.
    Entretanto, se aprendermos a comer certo e utilizarmos produtos orgânicos podemos viver mais e melhor. Dá a gemada para a netinha e deixa ela ser feliz, feliz...
    bjkas

    ResponderExcluir
  11. adorei. Textos muitos saborosos! Serei assídua. Bj. fernanda lopes

    ResponderExcluir
  12. Rsrsrsrs que penita não poder oferecer gemada à Isadora! É tão gostosa mesmo! Ano passado cheguei a consumir algumas!!!! Em uma exceção, até pode oferecer, mas acho que ela não será muito o paladar dela!
    beijos

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário. Vou adorar ler o que tem a me dizer. Para comentar, é só escolher uma identidade. Ou você comenta usando seu e-mail google, ou usando somente seu nome. Assim, você deve clicar no e-mail google, ou em nome/URL. Escreva seu nome, clique em continuar e, estando pronto o comentário, clique em Publicar. Vai aparecer um quadro: não sou um robô. Confirme que não é, clicando no quadrado e clique novamente em publicar. Pronto. Seu comentário vai aparecer. Para evitar que seu comentário venha como desconhecido,, por favor, coloque seu nome no final. Obrigada.

Postagens mais visitadas deste blog

Achados e Perdidos

Apelidos

Losangos com glacê