Dias de angústia



Quero escrever, seria uma boa distração, mas está difícil.
Difícil escrever, difícil dormir, difícil distrair.
Quando se está numa situação de risco, sob a ameaça de consequências imprevisíveis, é difícil pensar em outra coisa.
É difícil lembrar de temas leves, interessantes e que causem prazer.
Fica-se sufocada, numa situação de impotência total.
Percebe-se que se está a um passo do abismo, sem conseguir fazer praticamente nada para evitar o desastre total.
Mas, no fundo, permanece a esperança.
Não quero acreditar que a grande maioria não perceba o caminho acidentado que está trilhando, e que poderá nos levar para uma situação de imensa dificuldade. 
Não quero acreditar que a maioria faça sua escolha movida pelo ódio, ou por outro sentimento que não é o adequado para motivar uma escolha.
Não quero acreditar que a maioria deixe de comparar a história de vida de um, e do outro postulante ao seu voto.
Não quero acreditar que uma figura que defende a tortura, os grupos de extermínio, uma figura preconceituosa ao extremo, truculenta, de linguajar grosseiro, seja escolhida em detrimento de uma figura tranquila, humana, solidária, preocupada com a inclusão, com a educação e com a vida.
Não quero acreditar que uma pessoa praticamente sem realização profissional, e sem qualquer contribuição para a sociedade, embora tenha estado por quase trinta anos na Câmara dos Deputados, possa merecer aprovação superior a quem apresenta realizações admiráveis na Prefeitura da Cidade de São Paulo, e sobretudo no Ministério da Educação. Realizações de enorme valia social, criando e executando programas educacionais que beneficiaram milhares de jovens, principalmente das classes mais desfavorecidas.
Não quero acreditar que alguém que tem a arma como símbolo, possa vencer quem tem o livro, como símbolo, e como norte.
Não quero acreditar que, se tudo o mais não seja levado em conta, não seja dado valor ao candidato professor, graduado em Direito, mestre em Economia e doutor em Filosofia. 
Meu candidato, Fernando Haddad.
Sim, tenho esperança. Quero ter. No fundo tenho.

Foto da abertura, daqui.

Comentários

  1. São tempos de incerteza que o seu país vive, amiga. Que o povo saiba escolher sabiamente.
    Bjn
    Márcia

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    1. Sim, Márcia. Os maiores jornais do exterior estão alertando para o perigo. Vamos torcer para votos conscientes. Bjs.

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  2. estamos todos angustiados, até mesmo quem está votando diferente de vc. esse clima de ódio está fazendo mal a todos. estou falando com várias pessoas que estão com ansiedade, inseguras. se cuide. beijos, pedrita

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    1. Sim, Pedrita, o clima está muito pesado e afetando a todos. Bjs.

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  3. Eu também tenho esperança. Muita! A maioria prefere o livro à arma, o amor ao ódio, o compartilhar e ver a alegria na vida do outro também a ter tudo só para si. A vida assim é insossa e triste…

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    1. Cecília, está muito difícil responder. Deu a louca no blogger. Escrevo, mando publicar e ele não publica. Saio da minha conta e mando publicar com o nome. Ele me obriga ao reconhecimento de um monte de coisas, carros, ônibus, faixas de pedestres, hidrantes e por aí vai.
      Vamos ver se consigo, da mesma forma que as respostas acima.
      Pois é, minha amiga, vamos manter nossa esperança. Bjs.

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  4. Heloísa, sinto-me exatamente como você, parece surreal esse dilema todo, os meios para se chegar ao fim que tememos tanto...Não quero acreditar, mas ele é tão explícito em suas falas, que temores cada vez mais se instalam em minha alma...Espero realmente estar errada. Minha alma está calada e com muito medo dessa face exposta que demonstra ter nenhuma empatia pelo seu semelhante, talvez por não conseguir calçar seus sapatos surrados.

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    1. Dalva, em muitos casos é não querer acreditar ou, o pior, se identificar.

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  5. Heloisa, como tu, milhares de pessoas estão,não acreditando nisso! Queremos ter esperança, mas quando olhamos bem o quadro, vemos que está muiiiiito difícil! Que Deus nos ajude, pois só ele pode por nós olhar! Nunca quem representa a violência teria meu voto! NUNCA! Mas...o quadro é surreal mesmo! bjs praianos, chica

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  6. Dureza mesmo, mas apesar de difícil, ainda pode haver uma virada nas intenções de voto! Vamos continuar escrevendo, argumentando, desenhando, rs, pra ver se os desavisados entendem!

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  7. Tenho os mesmos sentimentos. Mas sei que a gente tem que ter esperança. E tivemos nessa crise a oportunidade de testemunhar que há muitas pessoas na mesma situação que nós. Quero acreditar que o bem há de triunfar!

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    1. Isso, Marly. Vamos acreditar que o bem há de triunfar. Bjs.

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    2. Olá amiga Heloisa, também voltei ao meu blog, vamos falando por aqui, bjs

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