Sofrimento globalizado





Ontem senti uma tristeza enorme. Sofri bastante. 
Quando as notícias demoram a chegar, parece que as reações são menos intensas. Recebe-se o relato do acontecido, acompanhado de todas as suas consequências e eventuais prognósticos.
O impacto do sofrimento fica amortecido.
Mas em tempos em que estamos mergulhados num universo amplo, e em que as notícias repercutem instantaneamente, sofre-se mais. Sofre-se juntamente com aqueles que estão vivenciando o drama, sem poder avaliar os resultados.
Sofre-se por problemas próximos, e sofre-se por fatos distantes. 
Sofre-se pelo mundo.
Ontem foi um dia em que muitos sofreram pelo mundo. Mesmo vivendo longe do fato, mesmo não tendo qualquer ligação religiosa, ou afetiva, com a Catedral de Nome Dame, acredito que um número grande de pessoas sentiu uma tristeza imensa ao vê-la ardendo pelo fogo.
Ao mesmo tempo em que ela queimava, que os franceses, turistas e moradores do local, assistiam atônitos ao espetáculo doloroso, muitos, espalhados pelo mundo, conhecendo o valor imenso daquele monumento, não tinham como fugir do sofrimento.
Sofrimento instantâneo e concomitante. Com a angústia das incertezas. O fogo será debelado? Ela resistirá? Poderá ser recuperada?
Notre Dame, catedral esplendorosa construída no século XII, que resistiu a grandes catástrofes, como as guerras mundiais, ontem teve seu dia de martírio.


Tive uma emoção indescritível ao conhecê-la, no dia 08 de maio de 1991. Atrás da foto, deixei escrito meu sentimento.
Nas outras ocasiões em que, afortunadamente, estive em Paris, sempre a visitei. Assisti a um concerto lindo, no seu interior, participei fervorosamente de missas. Sentia-me em comunhão com todos os fiéis. E a emoção sempre se renovava, naquele ambiente de religiosidade.


Estive lá, pela última vez, em setembro de 2012. 
Sem pensar em despedida.

A primeira foto é daqui.

Comentários

  1. Heloisa,foi muito triste ver tanta história ser consumida pelo fogo! Triste acompanhar!
    Desolação! Bjs,chica

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  2. que triste querida, não? a história se esvaindo. deve ter sido uma linda viagem. beijos, pedrita

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  3. Que tempos tristes vivemos, parece que a História está sendo apagada em todos os sentidos, em todos os cantos...Tenho medo desse fogo incontrolável que parece soprar...
    Com tanta "inteligência" e tecnologia, não deveria ser assim.

    Abraço, Heloisa!

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    Respostas
    1. Oi, Dalva, estou tentando introduzir a opção da resposta, sem causar qualquer problema na configuração. Vamos ver se vai dar certo.
      Sim, parece que o mundo está atravessando uma fase terrível. Fogo, lama, violência ...
      Vamos torcer por dias melhores.
      Beijo.

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  4. Olá, querida, Helô, bom dia,

    Achei o seu texto maravilhoso: elegante e claro, mas também cheio de emoção!
    Sim, o lado ruim da instantaneiadade da informação é que recebemos as más notícias, no instante em que os fatos ocorrem, o que pode nos proporcionar uma sobrecarga de emoções negativas, como você bem observou.
    Todos nós, que amamos a humanidade e as obras que as representam, sofremos demais com esse incêndio. E eu também tive o pressentimento de que ... sei lá... é como se uma força misteriosa... quase espiritual, de destruição, tivesse baixado sobre o mundo com a intenção de aniquilar as coisas que nos fazem ser como somos... a arte, a história e a nossa própria memória. Que pena!

    Um beijo

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  5. Impossível ficar indiferente a esta catástrofe. A catedral era ( é) património da humanidade. Também já tive o prazer de a visitar. Esperemos que a reconstrução seja célere.
    Bjn
    Márcia

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  6. Olá Heloisa, td bem?
    Sempre quando importantes construções são destruídas por incêndios fica uma sensação de impotência e uma indagação de como isto pôde acontecer. No Brasil já tivemos exemplos de monumentos tombados por serem patrimônio histórico que foram consumidos pelo fogo, é uma enorme tristeza, pois parte da cultura se perde com essas destruições.
    Bjos

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