Retomando hábito
O tempo passou, a televisão chegou e as idas aos cinemas foram afetadas. Muitos achavam que era mais confortável assistir a filmes em casa, pela televisão. A programação era a do canal de tv, e os filmes, geralmente, eram filmes meio antigos.
Depois chegaram os vídeos e as inúmeras locadoras, com filmes de várias épocas e de diversas procedências. Já existia mais poder de escolha e, muitas vezes, filmes recém-lançados já se encontravam nas prateleiras das vídeos-locadoras.
E as mudanças continuaram. Começaram a aparecer os "streamings", que aniquilaram os aluguéis de vídeos. Entre nós, parece que o primeiro foi a Netflix.
Passei por tudo isso, mas me mantive fiel aos filmes nos cinemas. Continuava a achar que nada se igualava a sentar diante de uma tela grande, numa poltrona confortável, e assistir com todos os recursos de tela e de som a um filme escolhido entre os últimos lançamentos.
Nessa altura eu já não ia às matinês de domingo, mas a sessões diferentes durante a semana.
De repente, chegou a pandemia.
Estão lembrados dos tempo difíceis que todos vivemos a partir de março de 2020?
Para alguns, esses dias de trancafiamento dentro de casa não foram numerosos, mas para mim, com meus mais de 80 anos, foram extremamente prolongados. Arrisco dizer que, durante 2 anos e meio, fiquei praticamente enclausurada. Quando saía era para algo muito necessário, ou para pequena reunião de família. E, sempre, com máscara. Programas com muitas pessoas ficaram esquecidos. Entre eles cinemas e teatros.
Mas, e dentro de casa, como ocupar o tempo?
Tive várias atividades, e falei sobre elas em diversos textos do blog (1). Uma das minhas distrações passou a ser assistir a filmes, e até séries, pela Netflix.
Eu que não gostava de filmes pela tv, tive que aprender a gostar. E, com isso, mesmo com a pandemia encerrada, continuei a assistir filmes pela tv. Os cinemas estavam funcionando, mas parece que já não me atraíam.
Até que foi lançado um filme real sobre fatos da nossa história recente. O "Ainda estou aqui".
Fiquei aguardando a estreia com ansiedade, e fui assisti-lo logo nos primeiros dias. Eu já havia lido o livro, e achado emocionante e extremamente dolorido. Mas o filme foi um plus. Tão angustiante e tão impactante que saí da sala de cinema me sentindo arrasada, e com a memória voltada para as atrocidades dos anos de chumbo.
E, além do efeito que me causou, o "Ainda estou aqui" parece ter sido um marco na minha relação com o cinema. Voltei a sentir o prazer de assistir a um filme em sala de cinema.
Tanto que, depois dele, nesse início de ano já fui seis vezes ao cinema.
Terei reencontrado meu antigo hábito?
1. https://blogdavovohelo.blogspot.com/2020/12/vivendo-o-ano-do-isolamento.html
Quais filmes foi assistir, tia? E o teatro, não voltou a frequentar?
ResponderExcluirUm que me encantou foi A verdadeira dor, em exibição nos cinemas. Também gostei do Meu bolo favorito. Os outros foram Anora, Conclave, Maria Callas, O Auto da Compadecida 2.... Nossa, foram mais do que 6.
ExcluirQue bom! Acho que voltou e certamente terá muita distração boa com as telonas!
ResponderExcluirO anônimo acima era eu, Pri, nao estou conseguindo entrar com o meu perfil.
ResponderExcluirhj dá pra ver filmes em qq lugar. não curto nem no computador, muito menos no celular, mas eu amo tela grande de tv em casa. amo ver filmes. mas sim, tb gosto de ir ao cinema. como o ingresso é caro, vejo mais na tv mesmo. beijos, pedrita
ResponderExcluirEu também acho que o cinema tem um quê de magia. A tela grande, o som, o ambiente, tudo torna a experiência especial.
ResponderExcluirEu já tinha ficado muito feliz com a simples notícia sobre o lançamento do filme do Valter Salles, narrando estória ocorrida na ditadura.
Estamos atravessando tempos estranhos, em que há muitas pessoas querendo reescrever a história. E outros tantos desejando repeti-la.
Beijo
A tela grande tem mais fascínio, magia e envolvimento. Nesse início de ano Tb tenho ido várias vezes ao cinema, sozinha ou acompanhada. E esse movimento de "volta" sem dúvida se deve muito a "Ainda Estou Aqui" . O filme tão bem dirigido por Walter Salles quebra outras barreiras, tais como relembrar os horrores da ditadura e mostrar, especialmente aos jovens, iludidos por fake news, a importância de viver num país democrático e com valores republicanos. Seu texto Helô provoca muitas reflexões, desde as mudanças de hábitos ao longo das décadas até o gosto de discutir " o bom cinema". Maria Inês.
ResponderExcluirHeloisa, raramente vou ao cinema. mas gosto muito .Nada supera a sensação da sala grande quando o filme é bom e bem escolhido! Que bom estás retornando ao bom hábito! beijos, tudo de bom,chica
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