Mulher-coragem




"Estou ao mesmo tempo emocionada, com algum medo do desconhecido, mas com muita vontade de trabalhar, de ter uma nova experiência. Vou para um distrito indígena da Amazônia. Sempre tive um fascínio de conhecer os povos, trabalhar lá", disse a espanhola Sonia Gonzalez.
Essas palavras, e a imagem da médica que as disse, estão repercutindo em mim desde ontem, depois que assisti um noticiário na televisão.
O Programa Mais Médicos, instituído pelo governo brasileiro, numa tentativa de levar médicos para as comunidades necessitadas, principalmente das regiões mais longínquas, começou de verdade.
Fiquei admirada com a rapidez com a qual foi instituído e colocado em vigor. Realmente, problemas como os que ele quer solucionar, precisam ser enfrentados sem adiamentos.
E eu torço para que seja um sucesso.
A médica, que me levou a escrever essas linhas, é uma médica de Saúde da Família, espanhola, mas que atuou em Portugal por 10 anos, e que veio para atuar no Alto Rio Negro, noroeste da Amazônia, região onde há cerca de 20 povos indígenas.
Desembarcou com um filho de quatro anos, no colo, afirmando que não tem receio de doenças tropicais, nem contaminação.
Fiquei impressionada com sua decisão de ir para lugar tão distante, difícil, com cultura diferente, e carregando uma criança.
Acredito que sua motivação não deve ser unicamente econômica. Deve ter uma forte carga de amor à profissão, amor ao próximo, e respeito ao cumprimento do juramento que deve ter feito ao concluir o curso de medicina. E muita coragem.
Seja bem-vinda, Sonia.
Que você possa fazer o bem na comunidade onde vai atuar, e que você encontre, no Brasil, o campo adequado para sua realização não só profissional, como também pessoal.  



Comentários

  1. Este é o verdadeiro exercício da medicina, ou de qualquer profissão que escolhemos e que nos dão a convicção de que estudamos e aprendemos para disseminar o que entrou em nós. Na memória e no coração. Precisamos de amor, também, em qualquer profissão.
    Tomara que nossos médicos também se conscientizem.
    Beijo, Heloísa.

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  2. Lindo teu post e compartilho de tua preocupação! Tenho medo que eles não encontrem o que pensavam encontrar. Torço pra que seja sucesso, mas vi certas falhas, como por exemplo a questão dos salários vinculados à Cuba, no caso do cubanos, que não deveriam existir. Torcer! beijos,lindo fds! chica

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  3. À parte críticas à maneira como Cuba "abre a possibilidade" para envio de seus trabalhadores para outros países... O que parece com este "exemplo", nas duas acepções da palavra é que há no Brasil não só crise na área de saúde pública e privada, mas uma crise ética e que já está instituída há décadas, quiça há mais de século, no inconsciente do povo brasileiro desprovido de consciência coletiva que - às vezes extenuada pela própria condição de trabalho - não se responsabiliza pela essência vocacional de algumas profissões como medicina, advocacia ou magistério, aceitando perante a sociedade um papel dissociado daquele a que se propôs mas que é o único que consegue assumir e desenvolver ao longo de sua vida. Talvez meu pensamento não esteja claro, mas, de qualquer maneira, vale refletir a crise ética por que passa o país em todos os seguimentos de vida social.

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  4. Um bom exemplo do que um médico deve ser! Infelizmente grande parte deles rege-se por princípios económicos e vê na profissão uma forma de enriquecer e não tanto de ajudar os outros. Pelo menos é o que observo aqui. Aliás, pelo que ouvi nos noticiários, alguns médicos portugueses estão "escandalizados" com as condições desse protocolo, porque são obrigados a permanecer alguns anos nessas zonas mais recônditas (onde fazem mais falta, como é óbvio, mas o que alguns querem é depois mudar-se para outros grandes centros urbanos, onde possam ganhar mais dinheiro...)
    Acho triste esta mentalidade, espero que esse programa resulte por aí, com pessoas verdadeiramente fiéis à sua missão.

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  5. Helô,

    Repito aqui o que disse ainda há pouco, no FB:

    Como os meus últimos dias têm sido muito corridos, não cheguei a ler a matéria do jornal que trata da vinda dessa médica. Mas vi a foto dela, com a legenda, que a apresentava. E, apenas isso, levou-me a fazer considerações muito parecidas com as suas, rsrs. As circunstâncias atuais dessa mulher também levaram-me de volta à minha infância, pois os meus pais aportaram em Brasília, ainda jovens, com 3 filhos pequenos para criar, numa cidade que ainda não existia. Enfrentaram muitas lutas e desafios. Tiveram muitos anos de isolamento "do mundo", trabalho incessante, sacrifícios e tudo o mais que uma tal decisão implica.
    Estou achando ótima essa medida do governo, pois ela há de desmascarar muitas coisas encobertas, muitos interesses egoístas, que, uma vez revelados, talvez possam ser extirpados.

    Um beijo e boa noite!

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  6. Também tive os mesmos pensamentos seus, Helô! A imagem dela, de uma aparente fragilidade, também me emocionou e me fez pensar na fortaleza de muitas mulheres que desmistificam o mito de "mulher é a parte fraca".
    Viva nós, mulheres!
    Bj e ótima semana,
    lylia

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  7. Helô,
    Esta médica espanhola e mais alguns outros que estão vindo da Europa, realmente são corajosos e, parecem mesmo empenhados em seus trabalhos.
    Torcemos por eles, pois os nossos, há muito, não querem mais trabalhar neste recônditos do país, que continuam esperando e esquecidos.
    Ela terá nossa solidariedade, aliás como sempre, nisso brasileiro é bom. E pensei a mesma coisa quando vi esta matéria, 'que mulher corajosa!".
    Já que nossos médicos não querem ir para estes lugares ...
    grande abraço carioca


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