Melhor amiga





13 de agosto. 
Essa data me remete ternamente para o passado, e lembro da minha melhor amiga dos primeiros anos do ginásio.
Éramos duas meninas tímidas e magrinhas, que se conheceram aos 10 anos, tiveram convivência diária no colégio, durante três anos, e depois se separaram por circunstâncias da vida.
Karen, minha melhor amiga desses anos longínquos, ficou marcada na minha memória, e é lembrada todos os anos, no dia do seu aniversário.
Eu morava em São Paulo, na Rua Eça de Queirós, e a Karen residia na Rua Joaquim Távora, na Vila Mariana. Nossa casas eram separadas por algumas quadras, e estudávamos no Colégio Bandeirantes, também na Vila Mariana, a poucos metros de distância da minha casa.
Nos meus dois primeiros anos de São Paulo, estudei no Colégio Madre Cabrini, no semi-internato. Passava o dia inteiro na escola.
Quando terminei o curso primário e sem idade para ir para o ginásio, precisei fazer um ano do curso de admissão ao ginásio, já no Bandeirantes. E foi lá que encontrei a Karen.
Não lembro das nossas conversas, nem brincadeiras. Mas lembro que sempre estávamos juntas e que, algumas vezes, eu estive em sua casa.
Estranhava muito, porque ela era órfã de mãe. Eu não conseguia entender o fato de, sendo tão nova, não mais ter mãe. Contudo, nunca falamos sobre isso. Éramos duas crianças, e crianças na década de 40, com os assuntos de conversa bem limitados.
Karen vivia com seu pai e sua irmã mais velha, que era quem arrumava o lanche para nós nas poucas tardes que passamos juntas na sua casa. Lembro que ela nos servia um copo de “Milo”, um achocolatado delicioso, que nunca mais tomei. Naquele tempo, não era usual ter esse tipo de lanche, e talvez isso sirva para explicar que essa marca tenha ficado registrada na minha memória.
Depois de três anos de amizade, voltei, com minha família, para Santos.
Eu tinha acabado de fazer 13 anos. Era novembro de 1950.
Não tínhamos telefone. A internet estava longe de existir. 
Poderíamos ter nos comunicado por cartas. Seria esse, aliás, o único meio de mantermos contato, mas não tivemos essa ideia.
E nossa amizade, ficou no passado, com o sabor delicioso de “Milo”, e com recordação garantida em todo dia 13 de agosto.
Feliz aniversário, Karen.




No dia em que publiquei o post, não havia encontrado fotos da época. Insistindo na busca, localizei algumas, como as que ora acrescento. Nessas fotos, o ano era 1950. Sou a da frente. Atrás, Maria da Glória, Karen e Wanda.


Hoje, tentei localizar uma foto em que, meninas, aparecemos juntas. Não consegui.
E, também, não consegui localizar a Karen, por pesquisa feita pela internet. Já havia tentado há alguns anos, mas hoje liguei para dois números de telefone, sem sucesso. 
Karen Astrid Muller, Professora Doutora pela Universidade de São Paulo, onde deve ter feito sua carreira.


Comentários

  1. Que história tão linda, tão de "todo mundo". Quem não tem uma amiga de infância para recordar?
    E por onde andaria a Karen?
    Quem sabe ela não "tropeça"nesse blog delicioso?

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  2. Karen ficou guardadinha em seu coração por várias décadas e agora é personagem principal de um texto comovente. Linda recordação! Tb tenho história parecida de amiga que convivi no Colégio Coração de Maria em Santos, durante curso primário .Nunca mais a revi, apesar de ter buscado seu nome em redes sociais. Que bom que a data de aniversário da Karen seja uma boa referência para localizá-la. Quem sabe?

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  3. Eu queria um relato assim de uma amiga.

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  4. eu sempre sofri com as amizades que ficaram no passado. sempre quis q durassem para sempre. beijos, pedrita

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  5. Linda lembrança e imagino que você consiga localizá-la e contatá-la em breve! No próximo aniversário, já podem combinar um chocolate quente "do padre" (da Nestlé), porque o "Milo" não deve mais existir, não?

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  6. Lindo isso! E como tem coisinhas simples que nos marcam assim, como esse achocolatado!! Pena não mais conseguir encontrá-la... Mas o tempo passa e ficam as boas lembranças e algumas datas nos marcam. Hoje ainda ao acordar, lembrei de uma amiga, daqueles tempos de mocinha que aniversaria hoje... Também nada de contato mais,pena!

    Que tu ainda consigas um telefone dela .Seria tri legal! beijos, tudo de bom,chica

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  7. Olá Heloísa, td bem com vc?
    Essas histórias da nossa infância são sempre motivo de muitas saudades, mesmo quando não lembramos ao certo os acontecimentos. Amizades nessa fase da vida costumam ser inesquecíveis e muitas vezes pra vida toda, é uma pena quando o destino separa duas amigas como no seu caso! Adorei a sua história.
    Bjos

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  8. Que história tão bonita! Você escreve muito bem, amiga. Dá gosto ler textos tão bem escritos,em bom português.
    Por aqui também havia o "Milo" e era bem saboroso. Engraçado que também bebia com uma amiga de infância na casa dela. Boas recordações.
    Bjn
    Márcia

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  9. Heloisa, as amizades e separações delas na infância marcam muito, são as primeiras experiências de perda da vida, vamos aprendendo que são inevitáveis.
    Quem sabe uma hora vocês não se encontram, talvez ela use o sobrenome do marido...
    Nunca me esqueço da primeira vez que tomei chocolate quente na escola primária que meu irmão estudava, o sabor, o cheiro, a canequinha de alumínio que era servido...Nunca mais experimentei parecido. Será que era o Milo?
    Adorei sua lembrança! Abraço!

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  10. Ah, que estória mais terna! E o que a torna mais querida é justamente o fato de relatar uma experiência comum, que é a da amizade entre estudantes, especialmente nos primeiros anos de escola.
    Eu também me lembro bem de algumas das minhas colegas - dessa época - e de visitas feitas a elas. É incrível como a memória retém detalhes banais não é? Eu me lembro de ter sido apresentada a um guisado de coelho, na casa de uma dessas amigas. Eu não provei do prato, mas ela afirmou que estava uma delícia.
    O interessante é que o meu pai era dado à caça de animais, ele chegava a viajar com um irmão, com o objetivo de abater os bichos. Ele sabia esfolar um touro, por exemplo. Acho que justamente por ter presenciado o abate de animais menores, em nossa chácara, eu tenha criado uma aversão a este tipo de comida, rsrs.
    (veja, o teu post também me fez viajar no tempo, rsrs)

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  11. Sou o Olavo, primo de 2º grau da Karen (Carminha na família) Eu era conhecido por Kuki. Gostaria muito de saber dela. Fui tambem muito amigo do seu marido o Ze Pinto que infelizmente faleceu cedo.

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