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Mostrando postagens de abril, 2020

Cotidiano

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"Todo dia ela faz tudo sempre igual"... Maravilhoso Chico. Tenho ouvido bastante o Chico Buarque, e muitos outros nesse prolongado isolamento. A música acalma, a música eleva o pensamento. E a verdade é que tenho feito quase tudo igual. Dentro da limitação imposta pelo confinamento, só é possível a variação dentro dos mesmos temas. Há dias em que me dedico à costura criativa, procurando fazer algum trabalho novo. Em outros, repito algo que já fiz antes, mudando algum detalhe e os tecidos. Há dias em que "invento" alguma receita de cozinha, para aproveitar algum ingrediente que precisa ser usado, ou alguma sobra boa de uma refeição anterior. Há dias em que experimento uma receita nova, e outros em que vou em busca de uma receita do passado. Há dias em que escrevo bastante, e outros em que leio. Há dias em que toco piano, e dias em que ouço o piano tocado por outros. Há dias em que vejo um episódio de alguma série, e outros em que assisto a

47 dias

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Sim, estou dentro de casa há 47 dias.  Até sinto que o tempo está passando rápido. Nem bem a semana começa, e percebo que estamos chegando na sexta-feira. Talvez pelas muitas atividades que passaram a fazer parte do meu dia-a-dia. Estou bem. Consegui me afastar quase que totalmente do noticiário, pesadíssimo não só pelos dados de saúde, como pelos acontecimentos políticos causados por uma cambada de irresponsáveis. Com a distância das notícias, a tensão diminui. Até lembrei do ditado antigo: o que os olhos não vêem, o coração não sente. Mas hoje acordei meio balançada, meio melancólica, como disse para o Berto.  Olhei pela janela e vi o mar lindo, paisagem que me acalma, me faz feliz. Só que, dessa vez senti vontade de poder sair, de passear um pouco, de caminhar na beirada do mar. E, esquecendo o propósito de viver o dia da melhor forma, sem preocupação com o futuro, pensei na possibilidade de ter que esperar muito tempo, um tempo que não tenho como avaliar, par

Crepúsculo esplendoroso

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Hoje é feriado, dia em que, muitas vezes, saía para alguma caminhada, e para aproveitar a beleza da praia.  Atualmente, dentro de casa, também tenho o privilégio de poder aproveitar a natureza pelo visual, até onde meu olhar pode alcançar. E o que vejo é de uma beleza enorme, nas várias horas do dia, nas diferentes fases da lua, e pela tábua das marés. Maré baixa, maré alta, mar tranquilo, mar agitado... É uma visão maravilhosa. Pensando nisso, lembrei de um fim de tarde de dias atrás, em que o por-do-sol foi especial.  O espetáculo começou às 17:45 h e se estendeu até as 18:10h. Fascinante, de beleza ímpar. Mereceu ser registrado e, agora, compartilhado. Começou assim. E no final, esse deslumbramento. Nota: A foto do início foi tirada hoje, 21/04/2020, às 17:03h.

Páscoa 2020

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Não sou só eu a pensar, e a dizer, que jamais imaginaríamos viver uma situação como estamos vivendo. Sob a ameaça constante de um inimigo perigosíssimo, que parece estar à espreita de uma distração nossa, para nos atingir e derrubar. Com isso, é evidente que somente um isolamento social completo ajuda a minorar não só o risco de aumento de contágio, como a tensão em que estamos mergulhados. E nesse clima, a Páscoa, chegou e passou sem a tradicional reunião de família. Cada um em sua casa, festejando à sua maneira. Houve até coincidência de pratos, com o bacalhau ocupando o lugar de destaque. Eu e o Berto preparamos nosso almoço e, na hora de arrumar a mesa, senti falta dos meus enfeites de Páscoa. Todos os anos decoro a mesa com os enfeites básicos, que juntei durante alguns anos, e acrescento os ovinhos de chocolate e bombons. Os enfeites, todos guardados em armários altos. Não poderia pegá-los. Os ovinhos, não tinham feito parte das nossas preocupações com c

Nós e a pandemia

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Parece que fiquei meio muda, com essa situação trágica da pandemia. Ou, pelo menos, travada. Penso que preciso escrever algo, muitas ideias surgem, mas difícil é expressá-las. Hoje é o 33º dia do meu isolamento social. Sós, eu e o Berto, em casa, sem motivos para queixas em relação ao confinamento, em si. Temos espaço para caminhar, de uma parte do apartamento para outra, temos um local para tomar  um bom banho de sol, temos janelas com vistas lindas. Mas, não temos companhia. Nem família, nem amigos.  Não temos liberdade de descer do 18º andar para caminhar ao ar livre. E tem que ser assim. Sabemos disso e estamos preparados para o tempo que for necessário. Não temos ajuda para os serviços domésticos, que se tornam cansativos pela repetição. Nossa funcionária está cumprindo o isolamento na sua casa.  Contudo, só temos a agradecer. Apesar da idade, somos saudáveis e estamos enfrentando bem o isolamento e a maratona doméstica. É verdade que est

Motivação

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Fácil é perceber como a motivação, o interesse, são importantes na realização do que temos que fazer.  São verdadeiros impulsos, que nos jogam com entusiasmo nas atividades, mesmo quando estamos atravessando situações difíceis. Situações que poderiam funcionar como gatilhos de desânimo e de abatimento. E nessa linha, vejo como foi fantástica a minha ideia de resgatar meu blog de comidas simples e rápidas. Estou em casa há 22 dias, só com ajuda do Berto, meu marido. Tive que assumir a cozinha que, por tudo que envolve, é uma atividade cansativa. Gosto de cozinhar, de descobrir novos pratos, novos sabores. Mas daí a ter que cozinhar diariamente, há uma distância. E, de repente, com a obrigação, dada por mim mesma, de manter atualizado meu blog "Um, dois ... feijão com arroz" , sinto-me fortemente motivada a fazer minhas comidinhas, fotografá-las e organizar a receita.  Soma-se à motivação o interesse em tentar  levar algo bom para os outros.  Em diversas s

1º de abril?

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1º de abril. Poderia ser uma mentira grande, uma dessas mentiras que provavelmente ninguém acreditaria. Mas é real. Absolutamente verdadeira. O mundo inteiro, ou quase, dentro de casa, por causa de um mesmo inimigo oculto. Você acreditaria nessa afirmação, se a tivesse escutado meses atrás? Pois é assim que estamos vivendo, acuados dentro de casa pela ameaça verdadeira de um inimigo invisível e altamente perigoso. Avança com velocidade, atravessa oceanos, invade as regiões geladas e os rincões mais quentes. Poderia ser uma mentira. Mas não é. Pouco sabemos sobre esse inimigo, o que dificulta sua derrota total. Algumas batalhas são vencidas, mas muitas deixam seus resultados trágicos. E tudo aconteceu repentinamente. Vínhamos vivendo comandados pelo dinheiro, pelo mercado com sua visão utilitarista. O humanismo sempre em segundo, ou último plano.  Vínhamos vivendo no meio das imensas desigualdades sociais, vínhamos meio que ignorando os preconceitos raciais,