Leitura

Leitura é um prazer que se renova. Podemos ficar algum tempo sem ler, envolvidos pelas redes sociais, filmes ou séries, mas, de repente, atraídos por um livro redescobrimos a grande satisfação que a leitura pode nos dar.

E isso, quase sempre, funciona como um gatilho, levando-nos à busca, e leitura de um livro atrás do outro.

É o que tem acontecido comigo. Envolvida em outras atividades, fico um tempinho sem ler, embora sempre pensando em encontrar um bom título para a leitura. Daí, resolvo reservar um tempo das noites para os livros, fico entusiasmada, e emendo uma obra na outra.

Nos últimos meses li alguns bons livros, entre os quais Bambino a Roma, do Chico Buarque, e O Novo Agora, do Marcelo Rubens Paiva. 

Bambino a Roma, é apresentado como ficção, mas na verdade conta a história da família do seu autor, Chico Buarque, durante o tempo em que viveu em Roma, Itália. 

Sérgio Buarque de Holanda, pai de Chico, foi convidado para dar aulas durante certo tempo na Universidade de Roma, e para lá se transferiu com a família, em 1953. Chico tinha 9 anos, e ao completar 80 anos lançou o livro com memórias da sua infância em Roma. 

O que não foi lembrado, foi imaginado.

Há passagens deliciosas dos anos da infância vividos no estrangeiro, sem que se consiga distinguir o real da ficção. Como ilustração, há algumas fotos sugestivas que enfatizam a realidade da obra: Chico menino montado na sua bicicleta, bilhetinhos da namoradinha da escola e outros. 

Relatos sobre seus afetos, suas brincadeiras, sua convivência com os pais e irmãos. O livro também mostra a relação do Chico com o futebol, e seu interesse pela arquitetura. A leitura flui com facilidade e, quando se percebe, o livro chegou ao fim.

Leitura gostosa, e relaxante. 

O Novo Agora, de Marcelo Rubens Paiva, gira em torno da sua paternidade. 

Tetraplégico e com mais de 50 anos, o autor, nas obras anteriores relatou sobre o acidente que, aos 20 anos, o transformou em cadeirante, narrou o desaparecimento do pai durante a ditadura militar, e, ainda, como a mãe viveu após essa tragédia e criou os cinco filhos. 

Nessa nova obra, Marcelo conta como se tornou pai de dois meninos, e de que forma cumpriu seus deveres de pai como se não tivesse limitações, ou, melhor, apesar de suas limitações. Com o fim do casamento, e com a guarda compartilhada, o autor se viu com as duas crianças em plena pandemia, inventando estratégias para a solução dos problemas. 

Há muitas passagens emocionantes, como as ocasiões em que Marcelo conta como jogou bola com os filhos, como os ensinou a bater bola com ambos os pés, e a andar de skate, usando toda experiência que acumulou até os seus 20 anos. E termina falando que os filhos "não sabem que, ao prestarem atenção no que ensino, estão fazendo o maior gesto de reconhecimento e amor que recebo".

Em outros momentos, Marcelo relata memórias da infância e conta passagens com o pai.

O livro é envolvente, e inspirador.