Meu bolo favorito



 Sempre estou atrás de um bom filme, para ser assistido em sala de cinema. Nem sempre é fácil encontrar.

Em Santos, a troca de filmes costuma ser rápida, a não ser quando se trata de um filme de muito sucesso, como foi o "Ainda estou aqui". Usualmente, os lançamentos comuns entram e saem rapidamente. 

Ainda assim, ficando atenta à programação, consigo encontrar filmes para assistir do jeito que mais gosto: numa sala de cinema. E, nesse ano, consegui gozar desse prazer algumas vezes.

Um dos filmes que me encantou foi "Meu bolo favorito", produção iraniana que aborda a solidão na velhice, e a resistência íntima às regras políticas rígidas.



A personagem principal é uma viúva de 70 anos, que vive sozinha em Teerã. Sua filha e netos vivem no exterior, e seu cotidiano é marcado pela solidão, pelas rotinas simples. Parece que seu isolamento é quebrado somente em chás com amigas também idosas, e foi justamente após um chá que ela resolve mudar sua vida. Coloca-se na busca de uma nova conexão, de uma companhia afetuosa.

Nessa procura, acaba se aproximando de um taxista também idoso, e solitário.



Ao lado da solidão, a vida deles é marcada pela forte repressão do Irã, o que faz com que prazeres simples, por serem ilegais, virem atos de coragem.

O encontro entre os idosos transforma uma noite comum em um momento de descoberta, afeto e resistência contra as restrições sociais do país.

E a preparação do bolo, algo tão simples, remete à celebração da alegria, da liberdade e da partilha.




Em tempo:

Os diretores, e também o produtor do filme "Meu bolo favorito" foram condenados pela Corte Revolucionária de Teerã, sob acusações de “propaganda contra o regime”, “produção de conteúdo obsceno”, “violar a moral pública”, e “exibição do filme sem licença apropriada”.

Foram impostas sentenças de prisão suspensas (ou seja, não cumpridas imediatamente) por cinco anos, multas e apreensão de equipamentos de filmagem, e também houve restrições à liberdade dos cineastas,  impedidos de deixar o país para participar do Festival Internacional de Berlim, onde o filme foi premiado.




Comentários

  1. Filme muito interessante e horrorosa essa condenação dos diretores e produtor. Mostra o horror de um regime como o do Irã.

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  2. falam que esse filme é lindo mesmo. aqui acontece o mesmo. o filme costuma ficar em um único horário e por pouco tempo. beijos, pedrita

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  3. Eu ainda não vi esse filme, mas tenciono fazer isso. A condenação dos diretores é que é indecorosa e absurda.

    Beijo

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  4. Não vi o filme mas adorei o enredo abordando solidão na velhice, amor na terceira idade e o horror de um regime autoritário que persegue a cultura e a inteligência daquele país. Já passamos por isso e sabemos como pessoas ingênuas são dominadas por lideranças prepotentes e sem respeito à arte. Qto mais valorizarmos filmes que tratam de temas sensíveis ( e bem atuais, vide o horror que ocorre no país que ja foi a"maior democracia"do mundo), mais estaremos contribuindo para o bem do nosso país e a liberdade criativa. Parabéns pelo texto leve e objetivo. ( Maria Inês Notari)

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  5. Helô, tenho um grupo no WhatsApp das senhoras que frequentavam a ópera, onde só indicamos filmes, mas a maioria deles estão nos canais de Streaming. Eu, como você, prefiro a tela do cinema e, embora esteja tão perto do Reserva Cultural, ainda assim, nem sempre consigo filmes bons. Esses temas, velhice e finitude, não são muito bem vindos pelo Milton, então nem assistimos esse que vc está indicando, mas pelo que você escreveu, vale a pena, principalmente pela denúncia sobre punição dos diretores. Muito triste.
    Beijos da Zaira

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