Livro sem dono

Adoro ler. 

Quando criança, não havia televisão, passeios em “shoppings” (que evidentemente também não existiam), viagens de fim de semana e feriados, programas fora de casa. As crianças se divertiam dentro de casa, nos seus quintais, brincando com os irmãos (sim, quase todas as crianças tinham irmãos) e lendo. O livro era o grande instrumento de lazer e prazer, e penso que era mais fácil formar o hábito da leitura naquela época.

Comecei a ler cedo, e sempre li. Em certas ocasiões, principalmente de muito trabalho profissional, o ritmo da leitura para lazer era mais lento. De qualquer forma, sempre havia um tempinho para o livro, ainda que na cama, antes de dormir.

Com isso, as estantes de livros vão ficando cheias. Alguns deles, têm um significado especial, mas a maioria já cumpriu seu destino: ser lido. Dificilmente, para esses, haverá uma releitura.
E foi, por isso, que comecei a pensar numa forma de proporcionar, a outras pessoas, a leitura desses livros.

Organizar um clube de leitura, formado por algumas pessoas que colocariam seus livros à disposição dos outros? Quem cuidaria desse acervo? Como seriam as retiradas?
Percebi que não seria simples.

Doar os livros para alguma biblioteca pública? Mas poucas são as pessoas que vão às bibliotecas.

Foi quando fiquei sabendo de um movimento mundial, o “bookcrossing”, que desde 2001 congrega pessoas que vão espalhando seus livros para que outros possam ler. É necessária uma inscrição do interessado em espalhar seus livros, é preciso etiquetar os livros e colaborar para um controle.

Achei ótima a idéia de espalhar os livros. Mas quero iniciar esse procedimento sem burocracia. Mesmo porque, parece que, no Brasil, o movimento ainda não está devidamente organizado.

Então, vou começar esquecendo um livro num lugar público. Quem o achar, encontrará dentro uma explicação simples: trata-se de um livro que vai passar a assumir a feição de “livro sem dono”. Se quem o encontrou quiser fazer sua leitura, quando terminar deve passá-lo para a frente, da forma que entender melhor: ou entregando-o diretamente para um conhecido, ou esquecendo-o num lugar onde diariamente passem pessoas: banco de ônibus, de metrô, de praia, mesa de bar etc. O importante é que fique a recomendação de que, depois de lido, o livro deve seguir seu caminho, pois trata-se de um “livro sem dono”. 

De repente até alguém, que nunca teve a oportunidade de ler um livro, poderá se interessar pela leitura e descobrir um novo prazer.

Comentários

  1. Caríssima Heloísa!
    Pratico esta ação há algum tempo e chamo-a de Livro Livre, pois é assim que escreve em sua contra capa antes de eixá-lo em algum assento de ônibus, trem, metrô, táxi ou avião ou banco de jardim ou praça pública.
    Fiz até um post falando sobre isso meses atrás.
    Acho que com isso, ,podemos passar a cultura para a frente neste nosso país de dificuldades imensas.
    Excelente você ter relembrado este assunto por aqui também e acho que amanhã vou deixar mais um Livro Livre na clínica que irei levar minha mãe pela manhã.
    beijinhos cariocas

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  2. Oi Heloisa, legal a iniciativa, espero que quem encontre valorize e dê continuidade ao projeto.
    Beijo

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  3. Heloísa querida,

    Assim como você, eu também adoro ler... e também tenho livros "encostados", precisando de algum destino interessante.
    Achei fantástica a tua idéia, e espero que os donos temporários dos livros aproveitem bastante!!!
    E quer saber? Gostei tanto da sugestão que vou adotar!
    Beijo grande,

    Mari

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  4. Bacana essa ideia, nem sabia de sua existência.
    Fico feliz quando alguém quer ler meus livros. Empresto com prazer, já que é como você falou, depois de lidos, dificilmente relemos.
    Bjs.

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  5. Excelente ideia, Heloísa.
    Há tempos ouvi falar nesse "movimento", e já achei uma ideia interessante.

    Tb tenho alguns livros "no estaleiro", pq se há muitos dos quais não conseguiria separar-me, há outros que realmente lêem-se uma vez, e pronto.

    Quem sabe não vou tb aderir à ideia! Posso deixar uns de vez em quando no aeroporto, pode ser que algum ainda vá parar ao Brasil, quem sabe...

    Bjs

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  6. O problema é que, quem encontra, pode não estar disposto a passar em frente. Nem toda a gente é honesta... infelizmente. Mas gostei da ideia :)
    Eu não sou capaz de pegar em nada que esteja em qualquer local...

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  7. Helô, Parabéns pela iniciativa. Adorei esta idéia. Desejo que os seus livros passem de mãos em mãos, trazendo prazer e diversão às pessoas.
    Beijos

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  8. JÁ FIZ ISSO, NÃO ACHEI QUE DEU CERTO
    PQ POR DUAS VEZES O LIVRO FOI PRA LATA DE LIXO( É QUE TENHO O HABITO DE FICAR ESCONDIDA OLHANDO PRA VER QUEM PEGA)
    HOJE, DOU PRA QUEM GOSTA DE LER E NÃO PODE COMPRAR
    NAS ESCOLAS, PUBLICAS, FALO COM A PROFESSORA E ELA ME INDICA JOVENS QUE ADORARIAM UM PRESENTE ASSIM
    TEM DADO CERTO
    BEIJO

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  9. Que engraçado aqui na feira do livro também ouvi falar nesse sistema, fiquei a saber que aqui já se pratica algum tempo.
    Dou-lhe os meus parabéns pela sua iniciativa, beijo e boa semana

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  10. Beth, Luciana, Mari, Gina, Cláudia, Ameixa, Patrícia, Dona do Mundo e Gabriela,
    Bom saber que a Beth e a Dona do Mundo já tenham tido essa ideia, embora a Dona do Mundo não tenha tido sucesso. De qualquer forma, acabou descobrindo outra forma de espalhar seus livros.
    Eu estou bem esperançosa com meu projeto. Na 1ª, ou 2ª folha do livro, sempre escreverei à mão qual o meu objetivo em "esquecer" o livro. Acho que quem o encontrar lerá aquilo que eu escrevi, e poderá decidir o que fazer com ele.
    Beijos
    Estou acreditando!

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  11. Heloísa, também conheço esse movimento do bookcrossing e acho muito interessante. Aqui já fizeram reportagens sobre isso e já existem alguns seguidores. Acho que é uma boa forma de dar livros que já não queremos reler e ler outros que nunca tivemos oportunidade de ler. A sua ideia também é muito boa. Espero que resulte.
    Bjs

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  12. Legal essa idéia ,mas eu e minha irmã pegamos nossos livros encostados e doamos par biblioteca Pública daqui de BH que é super organizada e tem um público muito grande .Mas essa idéiaé ótima ..

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  13. caríssima.
    livro vivo é livro sendo lido. Desde 2002 distribuo pela cidade, sem escolher lugar, os que eu mais gosto..é um modo de semear, não acha? beijocas.
    regina

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  14. Que boa dica Heloisa, eu amo ler também, e quando vim para cá doi a maioria de meu livros a biblioteca de Pinheiros, ia muito lá na adolecencia , pois as vezes achava que nao valia a pena comprar tanto livro se tinha a biblioteca.Vou dar a dica para a minha mae
    PS vc pode usar qualquer marmelada que goste usei aquela , por te-la na geladeira
    Beijos

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  15. Querida, eu sou meio desapegada. De tempos em tempos faço uma limpa até nos livros. Geralmente vendo para um sebo. Senão, não dá. A casa fica lotada. E eu acho que temos que passar adiante mesmo.

    Quanto ao choro, sim, já passou. Obrigada, querida Heloisa.

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  16. Oi Heloísa, eu tb não sou do tempo do shopping, ainda bem e uma dos meus passa-tempos prediletos era ler! Hoje em dia já não leio como antes...

    Além da Bethdo Mãe Gaia, acho que a Beth, do Tudo pode acontecer, tb participa dessa ideia de passar os livros pra frente:

    http://tudopodeacontecer.squarespace.com/

    bjs e sortudos esses leitores!

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  17. Heloisa, adorei a tua idéia. E acho que já tinha lido algo sobre isso, muito interessante esta forma de incentivar a leitura. Vou por em prática!! Um grande abraço pra você.

    DEPOIS PASSA LÁ QUE EU TENHO UM SELINHO PRA VOCÊ!!

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  18. Ei Heloísa...
    Olha, sou um pouco apreensiva em relação a esta idéia...Durante muitos anos eu fazia assim : cada aniversário que eu ia , eu dava livro de presente...Notava que as pessoas se interessavam pouco ( e muitas vezes nem liam )
    Fico com um pouco de medo dessas pessoas não darem o devido valor a estes livros...
    Já fiz boas trocas no site TROCANDO LIVROS, www.trocandolivros.com.br....

    Mesmo assim, gostei muito de ter vindo aqui !

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  19. Aqui tem esse movimento de deixar o livro pra alguem o pegar, ler e passar pra frente.
    Acho interessante...mas aqui temos bibliotecas publicas aos montes e se quizer qualquer livro e so ir la, alugar ler e devolver.
    Acho que no Brasil, seria uma boa ideia...pois as bibliotecas publicas quase nao existem, ne mesmo?
    bjs,
    me

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  20. Oi Heloísa,

    Adorei o seu artigo e também a ideia de "esquecer" livros por aí. Acho que é até bom para a alma, ir tirando um pouco do peso das coisas que a gente acumula, empilha e guarda. Acho também que é um aprendizado poder fazer as coisas circularem, passar adiante, doar. Você é mesmo uma pessoa maravilhosa e eu me alegro muito de ter coisas em comum com você.
    Um grande abraço,

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