Sonho





Iniciado o noivado, a moça começava a se dedicar ao enxoval. Sim, porque, com o casamento iria surgir uma nova casa que precisava ser guarnecida.
Às noivas, cabia a organização das roupas de cama, mesa e banho, além da preocupação com o enxoval pessoal. Aos noivos, a responsabilidade pelos móveis e pelos poucos eletrodomésticos da época. E com a moradia.
Falo de tempos bem atrás.
Em algumas famílias, a confecção do enxoval começava anos antes do noivado. Era importante, para evitar correrias, ou muitos gastos de uma só vez. 
Isso porque havia um roteiro a ser seguido: a moça cresceria, iria noivar e casar, e dela se esperava não mais um dote, mas todas as roupas necessárias para a vida da família que ia se formar.
E lá iam as moças casadoiras atrás de peças capazes de provocar admiração das amigas, e da família do noivo. Linho, cambraia, bordados, rendas, renascença, guipir, filó! Tudo era muito lindo. 
As habilidosas também assumiam o bordado de toalhas de mesa, lençóis e monogramas em roupas de banho. Trabalho  feito com muito capricho, para durar uma vida.
Mais perto da data do enlace (aproveito para usar termo antigo), era a hora de cuidar do enxoval pessoal, com destaque aos jogos de camisolas, especialmente ao jogo do dia.
Jogo de camisola do dia das núpcias. 
Já ouviram falar de peças de vestuário tão importantes como essas?
Depois do vestido de noiva, e do traje de saída para a lua de mel, era o que trazia mais ansiedade.
Para a noite de núpcias, reservava-se uma camisola de cor suave, com pequenos detalhes de renda ou bordado, acompanhada por um robe, ou “pegnoir” , diáfano, e na mesma cor, longo ou "longuete".
Tudo tão romântico.
foi o que me veio à lembrança ao sonhar, na última noite, com um robe que me acompanhou na viagem de núpcias:  amarelo claro, com rendas brancas sobrepostas.
Eu andava pela rua com ele, surpresa por o estar usando para passear, e muito contente porque, após mais de 50 anos, ele estava abotoando de cima a baixo.
Que sonho! 

Comentários

  1. Olá Heloisa: trouxe como dote, uma toalha de renda feita pela minha avó e uma colcha também em renda ,feita pelas minhas tias.Havia este costume por cá, embora eu não tenha bordado nada para mim.
    Atualmente, a minha filha vai casar, mas não a vejo com estas preocupações. Os tempos mudam, sem dúvida.
    Bjn
    Márcia

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  2. Que sonho!rs Talvez porque estás perto da viagem,preparando malas! E o enxoval??Era bem assim mesmo. Eu sempre fui do contra e nunca quis riquififis...Quando via aquelas complicações de rendas, bordados, já pensava na conservação daquilo e looooooooooonge de mim perder tempo com isso...Sempre fui PRÁTICA,rs.. Mas a camisola da noite, lembro bem dela...Coisa boa! beijos praianos,chica

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  3. que lindo sonho. amo rendas. beijos, pedrita

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  4. Que post gostoso de ler, Heloísa, e que sonho!!
    Todo tempo tem seu encanto, o contexto da sociedade e história nele.
    Penso que muitas moças foram felizes no seu sonho, outras não, com em qualquer tempo, só o tempo é que diz.
    As peças eram realmente maravilhosas, independente de classe social, as pessoas colocavam todo seu empenho com afeto para a realização desse grande momento.
    Na minha mocidade já estava caindo esse hábito, mas algumas amigas me lembro, tinham enxoval.
    Abração!

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  5. Oi tia,
    No meu tempo ja nao me preocupei tanto com lencois bordados e toalhas de mesa, so com as camisolas... Mas nao sei se isso foi bom, pois depois de uns anos senti a necessidade de aprender a bordar e me embrenhei vez em quando nesta atividade que julgo uma das mais prazerosas da vida... fazer coisas belas com as propruas mãos. Certo que herdei muita coisa bordada das outras gerações, mas nao ha nada con a gente mesma poder fazer.

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  6. Oi tia,
    No meu tempo ja nao me preocupei tanto com lencois bordados e toalhas de mesa, so com as camisolas... Mas nao sei se isso foi bom, pois depois de uns anos senti a necessidade de aprender a bordar e me embrenhei vez em quando nesta atividade que julgo uma das mais prazerosas da vida... fazer coisas belas com as propruas mãos. Certo que herdei muita coisa bordada das outras gerações, mas nao ha nada con a gente mesma poder fazer.

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  7. Quando me casei eu já morava em "meu próprio" apartamento, rsrs. Por coincidência, conheci uma revendedora de roupas de casa, justamente quando saí da casa dos meus pais para este apartamento. A tal mulher representava profissionais de uma cidade do interior de Minas Gerais - bordadeiras e costureiras, especializadas em enxovais - que faziam peças lindíssimas.
    Mas eu me lembro desse costume de se preparar o enxoval da futura noiva. Duas ou três gerações atrás era comum que as mulheres (de todas as classes sociais) conhecessem os chamados "lavores", os trabalhos feitos com agulhas. A história registra que naquele tempo era muito importante que estas artes fossem executadas à perfeição.
    Você teve um sonho interessante!

    Um beijo

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