Frio no inverno ... da vida
Minha mãe fazia anos no dia 19, data sempre comemorada com os filhos, muitos dos netos e alguns bisnetos. E, também, muitas vezes com a presença do seu irmão Rodolpho, 5 anos mais velho que ela, que morava em Bebedouro, mas passava o verão no Guarujá, facilitando sua vinda a Santos.
Minha mãe viveu 97 anos, e meu tio Rodolpho, praticamente 100.
Acho que, até os 97, ou 98, ele manteve a rotina de visitar sua irmã no dia do aniversário.
Chegava contente, no seu corpo elegante, e vestindo calça hoje chamada de alfaiataria, camisa clara e paletó ou um suéter de “cashmere”.
Esse agasalho de “cashmere" me chamava a atenção. Nós, com nossas roupas reduzidas, tentando fugir do calor e ele, muito confortável, com um vestuário de meia estação.
Agora, entendo melhor.
A velhice, entre outras mudanças, traz a dificuldade de adaptação térmica, e aumenta muito a sensibilidade ao frio. A percepção do calor fica alterada, fazendo com que o idoso sinta frio mesmo em temperaturas mais altas.
Com certeza, era isso que acontecia com meu tio que, após os 90, mesmo no verão, não percebia a alteração da temperatura e, para se sentir bem, precisava de um agasalho, ainda que leve.
Naqueles tempos eu ainda não havia descoberto que a sensibilidade ao frio era uma característica do envelhecimento.
Mas, o tempo passou e eu sinto que a cada dia, ou a cada inverno, fico mais friorenta. Estou, irremediavelmente, no grupo dos idosos, aqueles que são mais sensíveis ao frio, que precisam se agasalhar bem, até para evitar gripes ou resfriados.
Menos gordura no corpo, pele mais fina, menos movimentos … Não sei com clareza quais os motivos para o aumento da sensibilidade ao frio.
Para diminuir o desconforto é preciso aquecer as extremidades, cabeça, mãos e pés. Assim, chapéus ou gorros, luvas e meias são indispensáveis. Para sair, cachecol, ou lenço no pescoço também têm sua importância. Assim como as botas.
E se o frio estiver forte mesmo dentro de casa, nada melhor do que ler, assistir um filme ou fazer um trabalho manual, numa poltrona confortável, com uma coberta nas pernas e tomando um chá, ou chocolate, bem quente.
Assim, dá até pra dizer: Êta friozinho bom!
Assim, dá até pra dizer: Êta friozinho bom!
Que texto lindo e foi bom rever tua mãe que sempre acompanhei por aqui... Gostei da lembrança do terno de meia estação em pleno verão...Coisas marcantes e agora explicadas, não?
ResponderExcluirAdorei as fotos, o texto reflexivo e coerente. Por vezes temos mesmo mais frio do que antes... Adorei! Lindo fds! beijos, chica
Muito obrigada, Rejane. Fico muito feliz com seus comentários. Beijos.
ExcluirDefinitivamente entramos na tal terceira idade.Cresce a sensibilidade para as lembranças do passado, começamos a perder amigos e parentes tb idosos,. A tristeza de perdas aumenta a reflexão de nossa finitude., e de repente, descobrimos que gostamos mais de ficar em casa, bem agasalhadinhos, como vc bem descreveu. Lindo texto, leve na leitura, mas profundo nas reflexões sobre as mudanças de nossa trajetória.
ResponderExcluirQuerido/a comentarista, seu nome não aparece. Obrigada pelo comentário.
ExcluirÓtima foto, lembranças e percepção. O frio chega para todos... Aí nada como ter um cashmere quentinho, uma manta acolhedora e a família por perto...
ResponderExcluirObrigada, Pri. Beijo.
ExcluirMuito bom , Heloisa.
ResponderExcluirLembro bem do tio Rodolfo sempre elegante , mas nunca associei 'a sensibilidade a temperatura.
Vou vasculhar as fotos e prestar atenção a este detalhe.
Obrigada, "Unknown". Quem será você?
ExcluirFalando em tio Rodolfo, em vasculhar as fotos , só poderia ser eu. LOURDES
ExcluirPensei nessa possibilidade, mas tem tanta gente que está com dificuldade de colocar comentário que fiquei sem certeza.
ExcluirHelô,
ResponderExcluirVocê levantou um assunto interessante, que é a forma relativa com que os sentidos humanos respondem a eventos físicos e 'fixos', rsrs. Sim, é observável que os idosos tendem a sentir mais frio, tanto que um dos símbolos das vovós, por exemplo, que aparece até nas figuras e ilustrações da mesma, é ou xale (ou a mantinha), em volta dos ombros.
Quando fiz uma cirurgia, muitos anos atrás, eu verifiquei que nas horas que se seguiram ao procedimento a minha temperatura variava, sem que a temperatura do ambiente mudasse. Isso me despertou o interesse de saber um pouco mais sobre o assunto, e assim eu descobri que além do movimento (pessoa que se movimentam sentem menos frio) e da massa corporal (músculos e tônus)a temperatura do corpo também é influenciada pelos órgãos internos, que são eles mesmos geradores de calor (se estiverem funcionando normalmente).
Beijo
Marly, você sempre com comentários muito bons. Penso, também, que a circulação sanguínea deve ter muita influência nessa questão da temperatura do corpo.
ExcluirLindo, muito bom mesmo, grande escritora..
ResponderExcluirAmei. Lembro do Rodolpho e bateu saudades da querida tia.
(Pelo facebook).
Obrigada, querida prima.
ExcluirEntre dezembro de 1996 e março de 1997, o verão era diferente para mim, que acabara de conhecer a sensação maravilhosa de ser mãe, mas que não estava com o sono dia. Confesso que não me lembro se a dona Norma usava um casaquinho leve, mas lembro muito bem como ela, com sua vasta experiência com filhos e netos, mudou a qualidade de sono do Daniel e, consequentemente, meu sono, também. Lembro e agradeço a ela, até hoje.
ResponderExcluirNão tive a oportunidade de conhecer o senhor Rodolfo, mas a "dona Norma", como eu a chamava, mudou, pra muito melhor, a minha relação com meu bebê, que passara a dormir como um anjo.
Na época, eu magrinha que era :/, sentia frio; hoje, aos 51 anos (quase 52), a temperatura subiu....rsrs.
Beijo grande, Heloisa S Cunha.
Texto lindo, que trouxe saudades de outro momento...
(Pelo Facebook).
Que lindo, Zaira. Adorei.
ExcluirGostei muito do texto e mais ainda de rever a Norma. Tive pouquíssimo contato com seu tio Rodolpho. Só em algumas festas. Mas fico feliz de melhor conhecê-lo através de suas lembranças. Bj
ResponderExcluir(Pelo Facebook)
Obrigada, Luizinho. Gostei muito de receber seu comentário.
ExcluirOlá Heloísa: gostei muito do texto, bem ternurento e verdadeiro. Realmente vejo a minha mãe ( 87 anos) e a minha sogra ( 91) sempre resfriadas, mesmo em pleno verão, como estamos agora. As suas fotos estão lindas e são uma bela recordação.
ResponderExcluirMuito obrigada pela simpática visita e voltarei, pois é sempre muito agradável ler quem escreve bem.
Bjn
Márcia
Olá, Helô!
ResponderExcluirDeixei um comentário no seu post de mudança tão logo mudou a aparência do blog. Não sei o que houve, mas talvez não tenha sido finalizado... Vai saber!
Enfim, falava eu sobre a necessidade de mudar, o que já fiz com o meu, que já está no terceiro layout. Muito mais importante que alterar uma coisa e outra é ter essa disposição para recomeçar sempre, dialogar, superar desafios!
Como sempre, muito gostoso seu texto, nos levando a imaginar as cenas e, confesso, sou muito friorenta. Com certeza, é a idade...rs!
Se quiser participar da coletiva de aniversário do blog, dia 27, será um prazer para mim.
Beijos!
¡Ay Heloisa, que alegría he tenido al reencontrarte!, me he leído todos tus últimos escritos, me ha gustado leer sobre tu tío Rodolfo y los cumpleaños de tu mamá, ver como ha crecido Isadora, conocer al nuevo miembro de la familia y sobre todo ver que sigues igual de positiva y realista. Que buena idea el haber editado todos tus escritos, han quedado estupendos y será un buen recuerdo para tu nieta el día de mañana. Yo soy una fan total del e-book, al 99%, estoy de acuerdo que en lo de echar atrás y releer... . Bueno aunque con mucho retraso te felicito por los 10 años de tu blog y espero sigamos en contacto durante muchos años más. Un beso muy fuerte
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